Aquicultura é o cultivo de organismos cujo ciclo de vida em condições naturais se dá total ou parcialmente em meio aquático.
Assim como o homem aprendeu a criar aves, suínos e bovinos, bem como a plantar milho e trigo, também aprendeu a cultivar pescado. Desta forma, assegurou produtos para o consumo com mais controle e regularidade.
A aquicultura é praticada pelo ser humano há milhares de anos. Existem registros de que os chineses já tinham conhecimentos sobre estas técnicas há muitos séculos e de que os egípcios criavam a tilápia há cerca de quatro mil anos.
A aquicultura pode ser tanto continental (água doce) como marinha (água salgada), esta chamada de maricultura.
A Atividade Abrange as Seguintes Especialidades:
- Piscicultura (criação de peixes, em água doce e marinha);
- Malacocultura (produção de moluscos como ostras, mexilhões, caramujos e vieiras). A criação de ostras é conhecida por Ostreicultura e a criação de mexilhão por Mitilicultura.
- Carcinicultura (criação de camarão em viveiros, ou ainda de caranguejo, siri)
- Algicultura (Cultivo macro ou microalgas)
- Ranicultura (Criação de rãs)
- Criação de Jacarés
O Potencial Brasileiro para a Aquicultura
Com 12% da água doce disponível do planeta, um litoral de mais de oito mil quilômetros e ainda uma faixa marítima, ou seja, uma Zona Econômica Exclusiva (ZEE), equivalente ao tamanho da Amazônia, o Brasil possui enorme potencial para a aquicultura.
Apenas com o aproveitamento de uma fração desta lâmina d’água é possível criar com fartura, de forma controlada, peixes, crustáceos (camarões etc.), moluscos (mexilhões, ostras, vieiras etc.) e algas, entre outros seres vivos.
Mercado é o que não falta. O consumo de pescado está em alta no mundo inteiro. O pescado é um alimento saudável e cada vez mais procurado pela população, em todas as faixas de renda. Já as algas são um bom exemplo da diversidade de aplicação dos produtos e subprodutos do setor aquícola. Elas são empregadas desde na alimentação à fabricação de produtos cosméticos e fármacos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o consumo anual de pescado de pelo menos 12 quilos por habitante/ano. O brasileiro ainda consome abaixo disso.
Entretanto, houve um crescimento de 6,46 kg para 9,03 kg por habitante/ano entre 2003 e 2009. O programa “Mais Pesca e Aquicultura”, do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), previa o consumo de 9 kg por habitante/ano apenas em 2011. Portanto, esta meta foi atingida com dois anos de antecedência.
A previsão é de que até 2030 a demanda internacional de pescado aumente em mais 100 milhões de toneladas por ano, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). A produção mundial hoje é da ordem de 126 milhões de toneladas. O Brasil é um dos poucos países que tem condições de atender à crescente demanda mundial por produtos de origem pesqueira, sobretudo por meio da aquicultura.
Segundo a FAO, o Brasil poderá se tornar um dos maiores produtores do mundo até 2030, ano em que a produção pesqueira nacional teria condições de atingir 20 milhões de toneladas.
Participação da Aquicultura no Setor Pesqueiro Nacional
Atualmente o País produz aproximadamente 1,25 milhões de toneladas de pescado, sendo 38% cultivados. A atividade gera um PIB pesqueiro de R$ 5 bilhões, mobiliza 800 mil profissionais entre pescadores e aquicultores e proporciona 3,5 milhões de empregos diretos e indiretos. O potencial brasileiro é enorme e o País pode se tornar um dos maiores produtores mundiais de pescado.
Nos próximos anos os brasileiros deverão assistir a uma verdadeira “revolução” social e econômica, com o crescimento da atividade pesqueira, sobretudo por meio da aquicultura.
Segundo levantamento estatístico divulgado pelo MPA em 2010, essa atividade já apresentou significativo crescimento nos últimos anos, passando de 278 mil toneladas em 2003 para 415 mil em 2009, o que equivale a 35% de incremento em menos de uma década. Já a produção da piscicultura atingiu 60,2% de crescimento apenas entre 2007 e 2009. Isoladamente a produção de tilápia aumentou 105% em apenas sete anos (2003-2009). Em conjunto, a aquicultura cresceu 43,8%, entre 2007 e 2009, tornando a produção de pescado a que mais cresceu no mercado nacional de carnes no período. Todos estes resultados demonstram a pronta resposta do setor às políticas de fomento.
O Brasil possui condições extremamente favoráveis para incrementar a sua produção aquícola. Existem mais de 3,5 milhões de hectares de lâmina d’água em reservatório de usinas hidrelétricas (ANEEL) e propriedades particulares no interior do país. O País também conta com uma extensa área marinha passível de uso sustentável para a produção em cativeiro.
A estratégia do Ministério da Pesca e Aquicultura para fortalecer a produção nacional de pescado incorpora a criação de parques aquícolas continentais e marinhos em águas de domínio da União.
Até 2011, a meta do Ministério, presente em seu plano Mais Pesca e Aquicultura, é demarcar e entregar títulos de cessão em 40 reservatórios e ainda ordenar os espaços destinados a aquicultura marinha em nove estados litorâneos brasileiros.
Espécies Mais Cultivadas no Brasil
Atualmente cada região brasileira vem se especializando em determinados tipos de pescado. Na Região Norte predomina peixes como o tambaqui e o pirarucu. No Nordeste a preferência é pela tilápia e pelo camarão marinho. No sudeste a tilápia tem grande presença na aquicultura. No sul predominam as carpas, as tilápias, as ostras e os mexilhões. Já no centro-oeste os destaques são o tambaqui, o pacu e os pintados.
Nos parques aquícolas continentais, os peixes preferidos são a tilápia, o pacu, o tambaqui e a pirapitinga. A legislação brasileira limita a criação de espécies exóticas nos diferentes corpos de água, exceto quando a espécie já esteja comprovadamente detectada em uma bacia hidrográfica, de acordo com a Portaria do IBAMA n°145/N, de 29 de outubro de 1998.
Outras espécies nativas devem fortalecer a aquicultura nacional nos próximos anos, como é o caso do beijupirá (Rachycentron canadum), um peixe que já está sendo criado em cativeiro em alto mar na costa de Pernambuco, de alto valor no mercado internacional, e o pirarucu (Arapaima gigas), proveniente da Amazônia, considerado um dos maiores peixes de água doce do mundo, podendo alcançar até 10 quilos no primeiro ano de cultivo com rendimento de carcaça de aproximadamente de 50%.
Novas espécies, além do beijupirá, deverão adentrar na piscicultura marinha brasileira, tornando-a uma atividade altamente promissora.
Contudo, o Brasil possui cerca de 40 espécies de peixes de água doce com potencial para cultivo, entre outras marinhas. Estas espécies da fauna brasileira são o foco dos estudos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Pesca, Aquicultura e Sistemas Agrícolas, criada em 2009, com o apoio do Ministério da Pesca e Aquicultura.