Um Pouco de História:
Apenas no começo dos anos sessenta em diante e com muitas atividades de estímulo governamental que a produção de pesca no Brasil apresentou um início de evolução. Entretanto, praticamente todos esses estímulos estiveram dirigidos para o segmento de pesca industrial, sendo que pouquíssimas atividades projetavam o desenvolvimento da aqüicultura, a qual apenas nos anos noventa recebeu a atenção do governo com projetos específicos para essa área. Mesmo com essa evolução recente da aqüicultura brasileira, a história em si dessa prática é muito mais antiga.
Durante o século dezoito, devido a colonização dos holandeses em terras brasileiras, determinadas técnicas de cultivo, como por exemplo os viveiros de peixe pela costa do nordeste, já eram feitos.
Já nos anos de 1930, estudos científicos ictiológicos – sobre os peixes – com espécies nativas do Brasil foram realizados, tendo o foco para o melhoramento da tecnologia de indução hormonal de peixes migratórios com a finalidade de desova em cativeiro. Esses estudos foram conduzidos pelo pesquisador Rodolfo Von Lhering, no ano de 1934.
Mesmo havendo algumas pesquisas e uma fauna extremamente rica no Brasil, os primeiros experimentos de piscicultura brasileira se resumiram à abordar os animais mais exóticos, em especial com a finalidade de povoar reservatórios. Desse modo, até os anos quarenta poucos peixes foram estudados, como por exemplo a carpa comum – de nome científico Cyprinus carpio –, a tilápia e a truta arco-íris – de nome científico Oncorhynchus mykiss –, sendo que mais algumas outras espécies de carpa também foram estudadas até os anos sessenta.
Todavia, esse período não foi bem sucedido pela ausência de um planejamento e de atenção às limitações do meio ou das espécies estudadas em si, seja pelo fato da dieta do brasileiro em relação às carpas, pela alta fecundidade das tilápias ou devido aos pequenos espaços destinados ao cultivo de trutas.
Com o começo dos anos setenta, retomou-se o investimento em espécies autóctones para o uso na piscicultura. Desse modo, outras espécies como por exemplo o tambaqui – de nome científico Colossoma macropomum –, o pacu – de nome científico Piaractus mesopotamicus – e os piaus – de nomenclatura científica leporinus SP – iniciaram um ganho de destaque na aquicultura brasileira, mesmo sem demonstrarem uma igual fase de tecnologia de cultivo dos outros peixes já estudados.
Projetos Comerciais Pioneiros
Ao fim dos anos oitenta, com a diminuição do cultivo da pesca extrativa brasileira e estimulados pela evolução da aqüicultura estrangeira, o Brasil tocou seus projetos comerciais iniciais, mesmo sofrendo muitos entraves, como por exemplo a ausência de recursos financeiros, tecnologia, recursos básicos adequados, logísticas e demanda de consumo. Um progressivo aumento do mercado de peixes destinados para empreendimentos de pesca como esporte, os chamados pesque-pague, em especial na faixa sudeste do país, estimularam a prática e o cultivo de espécies nativas.
Tecnologia de Ponta
Em meados dos anos noventa o Brasil teve o início de um significativo avanço nas técnicas da aqüicultura, mesmo tendo como base espécies exóticas e o forte apoio da iniciativa privada. Notou-se enorme expansão da carcinicultura marinha na região do nordeste brasileiro, sendo no momento presente a prática de maior destaque econômico do setor. Outra notável expansão aconteceu no cultivo de ostra e mexilhões na região do estado de Santa Catarina, no aumento de espaços destinados à piscicultura de água doce e no desenvolvimento de estudos científicos a fim de melhorar o cultivo para a venda de peixes brasileiros de dado potencial de comércio.
Estabilização da Prática
Mais próximo dos anos dois mil, a vinda de poderosos grupos brasileiros e estrangeiros para o setor – sejam originados da comercialização pesqueira ou de outros setores da economia, em especial do agronegócio – têm melhorado a atividade e, também, têm dado estabilidade para a atividade e seus segmentos interelacionados, como por exemplo as fábricas de ração, aparelhamento, novas tecnologias e todas as fases da cadeia de produção da pesca comercial.
Ainda vale citar alguns ensaios que tiveram a finalidade de aumentar o próprio mercado interno, como por exemplo a divulgação dos produtos de tilápias com valor agregado – dentro do estilo da avicultura nacional –, a estabilização e a inauguração de novos segmentos de comércio internacional, em especial do camarão marinho de cultivo e, também, de projetos que visam a exportação de outros produtos aquícolas, como por exemplo a tilápia.
Pedidos dos Consumidores
Ao passo em que aumenta o pedido por produtos em função do crescente número da população mundial, os meios aquícolas originados das atividades extrativistas marinhas e dulcícolas apresentaram-se cada vez mais novos. De acordo com dados da FAO, no começo do terceiro milênio, o cultivo de pescado através da atividade extrativista deverá apresentar um déficit de, pelo menos, cinqüenta e cinco milhões de toneladas.
Ainda conforme essas previsões, a aqüicultura possui capacidade para ser considerada como uma opção muito boa a fim de estimular uma crescente das taxas de cultivo de alimentos de originários de águas doce e salgada por conta das respostas determinantes que a população vêm dado para esse setor nos últimos anos. A exemplo da pesca de extração, a qual aumentou em torno de vinte por cento desde o começo dos anos dois mil, a aqüicultura alcançou taxas de crescimento de duzentos e vinte por cento.
Potencial de Crescimento Brasileiro Para o Setor
No Brasil há mais de onze mil rios, riachos e córregos fichados na Agência Nacional de Águas. O país tem um território de oito milhões e meio de quilômetros quadrados. Em questão de dimensão, o Brasil é o maior país da América do Sul e o quinto maior do planeta. Toda essa grandesa faz com que haja uma enorme variedade de clima, de temperatura, de ecossistemas e, como conseqüência, de meios propícios para a prática do cultivo comercial de boa parte dos peixes nativos.
A região de todo o Brasil possui áreas climáticas de comportamento típico equatorial, tropical e subtropical, havendo ainda uma significativa região semi-árida no nordeste do país. Toda essa biodiversidade de flora e, obviamente, de fauna destaca o Brasil de qualquer outro país do mundo. Ou seja, há muitos peixes e outros seres aquáticos que têm seu potencial de comércio pouco explorado ou que nunca foram consumidos como produtos de algum cultivo específico para o comércio.
