Desde a época da abolição existem tentativas tímidas no sentido de inclusão aos afrodescendentes. A política inicia programas de compensações que estão longe de serem caminhos necessários para a emancipação financeira da maioria. Afrodescendentes e mulatos representam índice superior do que cinquenta por cento dento da população nacional. Não se pode ignorar o fato de que a metade da população que sofre com a pobreza está equivalente a afrodescendentes e mulatos. Entre as poucas políticas indenizatórias está no reconhecimento dos direitos aos quilombos remanescentes.
Agricultura dos Quilombos
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Quilombos são locais pequenos, situados em extensas vegetações, nos quais as populações desenvolvem agricultura para o próprio desenvolvimento. Em épocas coloniais representou palco de derramamento de sangue em consequência da perseguição do poder que atacavam em massa as zonas quando sabiam que existiam escravos refugiados no local.
Possuem regras próprias, além do reconhecimento constitucional para atuarem e desenvolverem a sustentabilidade local. Embora as práticas sejam antigas, existe a vantagem do limite da natureza no qual o solo não é agredido para que as produções fiquem aceleradas, conforme acontece nas grandes produções agrícolas.
Dentro dos quilombos, a agricultura fornece diversos tipos de produtos, tais como milho, legumes, mandioca, arroz, feijão, palmito, laranja e banana. Interessante notar que alguns quilombos conseguem fechar acordos comerciais para o mercado interno, mesmo estando situados em região de difícil acesso. Por exemplo, a região de Campinas, cidade de São Paulo, recebe por mês 1.200 caixas de bananas dos quilombolas.
Saúde e educação são dois pontos precários. No entanto, aos residentes os quilombolas possui melhor qualidade de vida do que a oferecida nos grandes centros urbanos, lotados de estresse, trânsito, violência, entre outros problemas da sociedade moderna. Alguns quilombos possuem atendimentos médicos consideráveis por estarem residindo perto de cidades com hospitais de qualidade. Um dos grandes problemas sofridos pela cultura está na luta contra as barragens.
Os alimentos que alimentam as pessoas da cidade estão nos supermercados. São todos produtos com origem desconhecida, o que de certa forma impede com que sejam conhecidos os métodos produtivos levados em consideração para a produção do produto.
O trabalho agrícola representa atividade principal que os quilombos possuem para se sustentar. Grande parte deles está situada no Vale do Ribeira. Eles sobrevivem da agricultura no local há séculos. No entanto não se pode dizer que o cultivo representa o simples ato de plantar as sementes e esperar o tempo passar para começar a gerar os frutos.
De certa maneira, engloba diversos conjuntos de práticas, saberes e relações ancoradas os valores que são compartilhados entre os populares, que em termo gerais representa a base da organização sociocultural da sociedade quilombola. A roça representa o principal centro agrícola e grande símbolo de valorização do patrimônio cultural existentes nas comunidades.
Neste sentido, o reconhecimento da importância existente a agricultura quilombola representa a principal arma para que a cultura seja continuada e sustentada. A difusão dos valores culturais também possui importância pelo mesmo motivo ligado à sobrevivência.
Agricultura Quilombola e Cultura Brasileira
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As zonas quilombolas representam o fruto do Brasil escravocrata, finalizado ao final do século XIX. Em termos gerais os quilombos estão desaparecendo, junto com a idade cultural do grupo social distinto. Como possuem localização dificultosa os produtos produzidos pelas famílias afrodescendentes não possuem alta relevância comercial. Neste sentido se pode considerar que os quilombos produzem agricultura ao próprio consumo.
Não se pode ignorar o fato de que grande parte das zonas remanescentes está inserida em regiões consideradas pobres, com baixo desenvolvimento de saneamento e técnicas agrícolas no sentido de produzir mais em menos tempo. Interessante notar que o acesso para educação ou à saúde é considerado precário. Sem contar que de certa maneira as zonas são reprimidas pelos dominantes dos municípios situados ao redor, que possuem diversas táticas no sentido de tornar invisível a região dos quilombos.
Agricultura Quilombola VS Técnicas Agrícolas Modernas
Em quase quatrocentos anos do Brasil escravocrata os escravos se rebelavam em diversas formas, se concentrado nos refúgios intitulados de quilombos para fugir da perseguição da coroa portuguesa e na sequência do império brasileiro. Como estavam com maior número de pessoas, os quilombos tinham agricultura com maior nível de desenvolvimento, mesmo porque não existia quase nenhuma forma de concorrência.
O aporte da tecnologia e ideologia do constante lucro engloba técnicas evoluídas tornaram os locais ao redor como destruidores da agricultura feita de maneira tradicional pelo povo residentes dos quilombolas. Sem contar as erosões proporcionadas ao solo de maneira em geral, também existe queda nos preceitos religiosos das populações, fato que de certa maneira pode destruir as formas de organizações familiares e éticas.
Representa a guerra da tecnologia que agride o solo contra as práticas de desenvolvimentos agrícolas tradicionais que são estabelecidas conforme os limites impostos pela mãe natureza. Todas as técnicas aplicadas na agricultura quilombola são ensinadas há gerações.
Agricultura Quilombola e Grupo Clóvis Moura
A pesquisa feita pelo Grupo de Trabalho Clóvis Moura, entidade que está ligada ao MEC (Ministério da Educação e Cultura), representa as dificuldades existentes com relação a temática. O estudo teve a incumbência de fazer o levantamento de comunidades remanescentes dos quilombos em solos paranaenses, estado Brasil com uma das menores presenças de afrodescendentes. A principal incumbência da agricultura do projeto estava relacionada com o aumento da visibilidade das comunidades negras na região, reparando assim a relevância dos grupos como temas importantes para a sociedade brasileira.
O estudo detectou que grande parte dos quilombos está residente na região do Vale do Ribeira e Guaraqueçaba. Alguma parte das pesquisas se tornou referência, caso do Quilombola de João Surá, situado na cidade de Adrianópolis, região paranaenses do Vale da Ribeira. Há quase dois séculos os moradores de João Surá sobrevivem a séries de fatores que colocaram a existência da comunidade em risco.
Vendas de propriedades que eram originários dos quilombos e invasão das agriculturas consideradas exógenas, caso do pinus e eucaliptos, são fatores que prejudicam o desenvolvimento da comunidade em níveis consideráveis. Após as pesquisas do gênero foi evidenciado que no Paraná há existência de população negra que segue traços culturais próprios.
Artigo escrito por Renato Duarte Plantier