Seca No Semiárido Do Brasil e Projetos Públicos

O governo do então presidente Itamar Franco (1992-1995) estava tentando conter as ondas de pessoas que passam fome através da distribuição de ajuda alimentar e oferta de trabalho temporário em brigadas de emergência.

“As pessoas que vêm estavam prontos para lutar”, lembra Juvenal Ferraz, então presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ouricuri, município do nordeste do estado de Pernambuco, onde a população rural era de 70 por cento, em comparação com uma média nacional de 25 por cento.

Seca No Semiárido Do Brasil e Projetos Públicos

Seca No Semiárido Do Brasil e Projetos Públicos

“A única alternativa”, que ocorreu a Ferraz para prevenir a violência era “acompanhar os manifestantes durante os três dias. Eles ocuparam as ruas em frente ao sindicato, na casa do tribunal e da prefeitura”.

Ele conseguiu encontrar o abrigo aos manifestantes em uma grande casa antiga, onde eles ficaram mais três dias, e foram alimentados. Nesse momento ele ajudou a negociar um acordo para que as pessoas participem em uma brigada de emergência que iria limpar as rodas de água locais usados para bombear fonte dos rios para uso doméstico e irrigação de culturas.

Alternativas Urgentes

Os arranjos aliviaram a tensão e os camponeses foram para casa. Repetidas tragédias relacionadas com o clima no Nordeste, região mais pobre do Brasil, o fracasso das políticas de obras públicas de combate à seca, como a construção de barragens, estradas e sistemas de irrigação, fez a busca de novas soluções urgentes.

Alternativas Urgentes

Alternativas Urgentes

Uma alternativa eficaz começou a ser implantada apenas uma década mais tarde. Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA), uma rede de mais de 700 ONGs, sindicatos e comunidade e instituições religiosas voltadas para a região adotaram o objetivo de encontrar uma maneira de “conviver” com o ambiente através da construção de tanques de águas pluviais e encontram outras formas de armazenar a água da chuva em pequenas fazendas familiares e instituições da comunidade, como escolas, por exemplo.

Por sua parte, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva lançou um projeto maciço em nome da luta contra a seca, em 2007, envolvendo o desvio de água do rio São Francisco, um dos maiores do país, que se eleva na região central.

A água desviada do rio seria atravessa 2,100 km em quatro dos nove estados do Nordeste, fornece 30 reservatórios e um fluxo de água durante todo o ano nos rios que atual e executam durante parte do ano.

Projeto De Lula e Seca No Semiárido

O projeto é para beneficiar 12 milhões de pessoas que vivem em 390 municípios nos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, que são áreas mais atingidas pela seca ao assegurar o abastecimento de várias cidades grandes e centenas de pequenas e médias zonas, de acordo com o Ministério da Integração Nacional.

Em resposta às críticas sobre o impacto ambiental do projeto, o governo argumenta que vai permitir uma melhor gestão dos recursos hídricos no Nordeste e vai impulsionar o desenvolvimento econômico no interior da região, desviando apenas 1,4% do fluxo no rio São Francisco.

Luz No Caminho

Mas a situação no Nordeste já melhorou. Pequenos agricultores e trabalhadores rurais não são mais tão vulneráveis à seca. Juvenal Ferraz disse que isso acontece devido aos programas sociais desenvolvidos pelo governo Lula e continuado pelo governo de Dilma Rousseff, como Bolsa Família, que presta assistência a 13 milhões de famílias pobres, sendo que metade do investimento acontece no Nordeste.

Representa também um resultado das técnicas de armazenagem de água da chuva que são agora usados. Ferraz adiciona: “A fome quase desapareceu, ele não é mais constante”, disse ele.

Desde o final de julho de 2003 o P1MC (Um Milhão de Cisternas Rurais) beneficiou 351.140 famílias com o novo sistema, que recolhe a água da chuva a partir de seus telhados em tanques de 16 mil litros, feitos de lajes pré-fabricados de cimento. A água potável pode ser usada para beber e cozinhar.

Mais de meio milhão de cisternas foram construídos com o apoio do governo federal, os governos locais e outras instituições, disse Paulo Pedro de Carvalho, coordenador geral da CAATINGA, uma ONG com sede em Ouricuri, que se dedica ao desenvolvimento rural sustentável na área em torno da Chapada da Araripe, no oeste do estado de Pernambuco.

Caatinga “fez muito para ajudar a superar” a crise de 1993, em Ouricuri, disse Ferraz, que, “sem sair do movimento operário”, se juntou a ONG mais tarde para distribuir tanques de águas pluviais.

Ultimamente, a ONG tem focado em trazer tanques de águas pluviais para as escolas, a garantir o abastecimento potável para os alunos e educar sobre as questões da água e as realidades da vida em uma região semiárida. “Vi muitas crianças chorando de sede e as mães sem água para cozinhar”, disse Ferraz.

“Ele acrescentou que muitas pessoas na região não acreditam que os tanques de águas pluviais seriam solução real, até que comecei a ver o quanto eles melhoraram a vida das famílias locais. É uma pena que os governos não têm apoiado o programa tanto quanto gostaríamos”, afirmou Ferraz. O governo federal financiou cerca de três quartos dos tanques construídos pela ASA, através do Ministério do Desenvolvimento Social.

Atraso De 2010 Para 2014

O coordenador Jean Carlos Medeiros disse que era um mistério o motivo de Lula não abraçar o programa da ASA, sobretudo tendo em conta o fato de que ele nasceu em uma família pobre do Nordeste, que migraram para São Paulo, quando ele era criança, fugindo da pobreza e da seca.

Lula adotou muitas das políticas de combate à pobreza, que beneficiou em especial pessoas no Nordeste. Mas no que diz respeito ao abastecimento de água, ele colocou uma prioridade no projeto para reorientar o rio São Francisco, uma ideia que havia sido discutido desde o século XIX, mas apenas saiu do papel devido ao determinado apoio do presidente.

O projeto vai custar mais de quatro bilhões de dólares, o Ministério da Integração Nacional informou reconhecer que os custos subiram 35 por cento sobre a projeção inicial. O trabalho também está a avançar de modo lento, com algumas partes em um impasse. E, em vez de ser concluída até 2010, como inicialmente previsto, não vai estar pronto até 2014, no mínimo.

Artigo Escrito por Renato Duarte Plantier

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Categoria(s) do artigo:
Projetos

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