Biocarvão na Amazônia

A História do Biocarvão na Amazônia e a Terra Preta dos Índios

O solo da Amazônia em geral se caracteriza por ter consistência arenosa ou argilosa além de oferecer poucos nutrientes e apenas uma fina camada bem superficial de húmus que é resultado da geração da floresta o que torna difícil cultivar qualquer coisa na região.

Porém, em contraponto a isso nos idos dos anos 1870 um grupo de estudiosos composto por naturalistas e geólogos que estavam viajando pela Amazônia encontram algumas manchas no solo. Essas manchas eram bem escuras e apresentavam uma boa fertilidade. Vale dizer que a descoberta de mais de um século ainda é muito estudada e intriga pela grande concentração de carbono por quilo de solo.

De Onde Vem o Carbono

De acordo com algumas pesquisas esse excesso de carbono viria da ocupação antiga de índios na região. A geração do excesso de carbono está ligada diretamente aos objetos de cerâmica, ossos e outros vestígios. O nome popular dado para esse tipo de solo é  “terra preta de índio”.

O que diferencia esse tipo de solo é fato de que ele é bastante rico e fértil tendo inclusive a capacidade de fazer a retenção do carbono não permitindo que ele seja liberado para a atmosfera. A presença do carbono nesse solo se dá através da forma de carvão e os cientistas acreditam que isso se deu devido a queima de materiais orgânicos sem que houvesse a presença de oxigênio.

Carbono Que Melhora o Solo

Essa intensa presença de carbono no solo contribui positivamente para que as plantas cresçam e se desenvolvam uma vez que as tornam mais resistentes e ainda colabora para uma melhor absorção de água. O solo é tão especial que está recebendo a atenção de cientistas brasileiros e estrangeiros há algum tempo.

Dentre as finalidades desses estudos estão a produção de fertilizantes orgânicos que recebem o nome de biocarvão. O termo usado em inglês para definir o biocarvão é biochar. Para se ter uma ideia da grandiosidade dos benefícios desse biocarvão foi criada uma Associação Mundial, a IBI (Iniciativa Internacional Biochar), para organizar congressos com o objetivo de estabelecer estudos e discussões a cerca da produção e usos do material. A associação conta com mais de 200 pesquisadores que vem de vários países.

A Produção do Biocarvão

Para que o biocarvão seja produzido é necessário que haja o aquecimento da biomassa num processo que recebe o nome de pirólise. O objetivo da pirólise é fazer a alteração das propriedades químicas do carbono através de elevadas temperaturas, ficam entre 300°C e 500°C.

A estrutura interna do biocarvão é estável e parece com a estrutura do grafite, possui também uma estrutura periférica reativa que conta com diferentes grupos químicos. Com o passar do tempo os estudos relativos ao biocarvão tem apresentado possibilidades de melhorar o uso do material que permaneceu guardado no solo durante centenas ou mesmo milhares de anos.

Biocarvão – O Carvão Ecológico

Parece contraditório usar na mesma frase “carvão ecológico”, mas quando nos referimos ao biocarvão não é tão estranho. Trata-se de um carvão que é ecologicamente viável e estável quando comparado a outros tipos de carvão. Além disso, ele possui uma capacidade excelente para fertilizar as terras que parecem ameaçadas pela desertificação.

Amazônia

Amazônia

O solo passa a ter a sua produtividade potencializada e ainda é possível amenizar os impactos que estão sendo causados pelas mudanças climáticas. O uso do biocarvão pode ser bastante positivo para quem buscava uma alternativa ao carvão convencional e poluente.

As Dificuldades de Produzir Biocarvão

Porque Produzir

O biocarvão, como já foi possível perceber, é um solo que desperta muito o interesse dos cientistas e representa uma alternativa ecológica em relação a outros tipos de carvão. O fato desse solo ser um pico de fertilidade em meio ao solo pobre de nutrientes da Amazônia fascina os estudiosos do tema solo.

A origem do solo rico em carbono tem sua origem ligada aos povos indígenas pré-colombianos. Essa ligação foi estabelecida devido ao encontro de fragmentos de ossos, cerâmica e outros vestígios que apontam para a cultura desses povos. Porém, não é tão simples criar atualmente algo que levou centenas ou milhares de anos para ser formado.

Biocarvão

Biocarvão

 

O desejo dos cientistas de recriar no laboratório a chamada “terra preta de índio” se deve a riqueza e a fertilidade que esse solo possui. Além disso, existe o fator de retenção do carbono. Essa terra poderia ajudar a reduzir as emissões de carbono feitas pelo homem desacelerando o efeito estufa.

O Desafio

Para que se possa produzir o biocarvão é necessário aquecer a biomassa sem a presença de oxigênio ou apenas com teores baixos do gás, o processo que descrevemos acima como pirólise. O processo por si é complexo, mas precisa continuar na pauta dos cientistas devido a todas as vantagens que esse solo pode trazer.

Vantagens do Biocarvão

O biocarvão tem sido tão estudado porque apresenta um conjunto de vantagens como, por exemplo, aumentar a produtividade das lavouras além de contribuir na economiza do uso de fertilizantes. O grande destaque está no fato de que a aplicação desse biocarvão pode contribuir para a redução da emissão de outros gases como, por exemplo, o óxido nitroso que possui um efeito de aproximadamente 300 vezes mais poluição do que o efeito estufa.

O Biocarvão e a Produção no Brasil

Em nosso país a Embrapa tem trabalhado na coordenação de uma Rede Nacional de Pesquisas do Biocarvão que conta com 18 centros de pesquisas atuando em conjunto com universidades e empresas, dentre as quais estão nacionais e estrangeiras para encontrar mais usos e possibilidades mais simples de produção do carvão ecológico.

O foco de estudo da rede está na viabilização da produção de biocarvão a partir de resíduos agroindustriais. Estão sendo realizados ainda testes com culturas diferentes como arroz, soja entre outras. A busca dos cientistas é uma viabilização e novas formas de produção do biocarbono para que para haja a real possibilidade de utilizar esse solo rico em carbono.

A terra preta dos índios deve fazer parte das inovações para reduzir as emissões dos gases do efeito estufa bem como para tornar o uso de fertilizantes menor.

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