A Migração das Tartarugas Marinhas
Fora do seu período reprodutivo as tartarugas marinhas podem fazer migrações de centenas de milhares de quilômetros. Esses animais põem dormir na superfície quando estão em águas que são muito profundas ou mesmo sob rochas nas áreas que ficam localizadas mais próximas à costa.
Depois que os filhotes das tartarugas marinhas emergem do ninho e fazem a corrida para o mar passam as horas seguintes nadando para chegar a regiões oceânicas em que estarão mais seguros dos predadores e onde conseguirão alimento.
Os cientistas costumam chamar de “anos perdidos” o período em que os filhotes realizam migrações pelágicas aquelas que estão associadas a bancos de Sargassum nas zonas de convergência das correntes marinhas. Depois desse período as tartarugas já cresceram o suficiente e na sua fase juvenil fazem o retorno às águas costeiras.
Estágio de Vida Juvenil
Em geral as tartarugas marinhas passam o seu estágio de vida juvenil se alimentando e crescendo nas águas costeiras. Quando as tartarugas crescem e se tornam adultas começam a acontecer as temporadas reprodutivas. Nessa época de acasalamento e desova as tartarugas machos e fêmeas migram das áreas de alimentação para as praias para poder fazer a desova.
Nas praias de desova é que acontece a acasalamento, as fêmeas sobem a areia para poder desovar. Essa migração se perpetua por toda a vida das tartarugas.
As migrações que acontecem entre as áreas de crescimento, alimentação e desova podem abranger grandes deslocamentos. Além disso, acontece a entrada e a saída de diferentes habitats costeiros e oceânicos.
No mar aberto as tartarugas marinhas acabam encontrando fortes correntes e assim são capazes de navegar de forma regular por longas distâncias para conseguir encontrar as suas praias de desova. Como as tartarugas conseguem navegar ainda é um grande mistério. Os mecanismos de navegação desses animais são motivo de muitos estudos de pesquisadores.
Como as Tartarugas se Orientam em Suas Migrações?
As migrações realizadas pelas tartarugas despertam a curiosidade de muitas pessoas que tentam descobrir como esses animais conseguem se orientar para chegar aos seus destinos. A ideia de que os animais navegam utilizando mecanismos internos que servem como bússola é tão impressionante que durante muito tempo foi considerada uma mera fantasia.
Porém, depois de pesquisas e atenção dos pesquisadores foi possível encontrar várias evidências de espécies como as tartarugas podem detectar o campo geomagnético da Terra com uma grande precisão. As Tartarugas-cabeçudas, por exemplo, tem a capacidade de “ler” o campo magnético da Terra para conseguir fazer o ajuste da direção em que irão nadar.
Com a ajuda desse sensor magnético essas tartarugas se mantém nas águas quentes durante a primeira migração ao redor da borda do Atlântico Norte. Com o passar do tempo esses animais constroem um tipo de mapa magnético mais detalhado e aprendem a reconhecer as variações na intensidade e na direção das linhas do campo que são mais planas no equador magnético e mais acentuadas na direção dos pólos.
Porém, o que não é possível saber ainda é como as tartarugas sentem esse magnetismo. Pelo fato de que os campos magnéticos podem passar através dos tecidos biológicos sem sofrer alteração pode ser que os sensores estejam em qualquer parte do corpo desses animais.
Outro problema para conseguir fazer essa identificação é que a detecção pode não precisar necessariamente de estruturas físicas, mas ser o resultado apenas de uma série de reações químicas. Apesar disso, os cientistas acreditam que os receptores magnéticos não só existem como estão na cabeça das tartarugas e talvez até mesmo na cabeça de outros animais.
A Migração da Tartaruga-de-Couro Pelo Atlântico Sul
Um dos grandes mistérios que a natureza apresentava para os cientistas diz respeito a migração realizada pelas tartarugas-de-couro. Porém, depois de algum tempo de dedicação dos cientistas foi possível traçar a rota que esses animais fazem. O estudo que identificou essa rota é da Universidade de Exeter da Inglaterra.
Os estudos foram realizados durante cinco anos e ajudaram a descobrir mais sobre uma espécie que está em vias de ser extinta. Para ficar de olho nas tartarugas-de-couro os cientistas se valeram da tecnologia vigiando os espécimes via satélite. O estudo fez mais do que simplesmente revelar os locais por onde essas tartarugas passam quando estão migrando, ajudou a entender um pouco mais sobre essa espécie.
Foi possível ter uma nova luz sobre o comportamento de reprodução das tartarugas-de-couro (espécie em vias de extinção, o que torna esse dado muito importante). Os estudiosos acompanharam o movimento realizado pela colônia de tartarugas no Gabão, África Central enquanto retornavam para as áreas de alimentação em todo o oceano Atlântico Sul.
Acompanhando as Tartarugas-de-Couro
O acompanhamento foi feito a partir de 25 fêmeas que revelaram a existência de três rotas migratórias que incluem uma travessia de 7563 quilômetros pelo Atlântico Sul que vai da África até a América do Sul.
As demais rotas também envolviam grandes distâncias, as tartarugas migram do Gabão para os habitats mais ricos em alimentos que ficam no sudoeste e sudeste do Atlântico e na costa da África Central. O tempo que essas tartarugas permanecem nessas áreas gira em torno de dois a cinco anos. O objetivo desse tempo é criar reservas para que possam se reproduzir quando finalmente retornaram para o Gabão.
Os cientistas responsáveis por esse estudo ressaltaram que até esse estudo não existia uma certeza em relação as rotas que as Tartarugas-de-Couro realizavam no Atlântico Sul. Basicamente foi possível constatar que existem três rotas diferentes bem claras de migração por áreas de alimentação que são procuradas depois do acasalamento no Gabão. Os números de animais seguindo em cada uma das rotas varia a cada ano e ainda não se sabe o que influencia nessa escolha de rota, porém, sabe-se que se trata de viagens bastante complexas e notáveis.
As fêmeas das Tartarugas-de-Couro viajam milhares de quilômetros em linha reta através do oceano Atlântico em busca de suprimento para o momento em que forem se reproduzir. A pesquisa foi possível devido a ajuda de Parques Nacionais do Gabão, Parceria de Tartaruga Marinha para o Gabão e da Iniciativa para Conservação das Tartarugas-de-couro e Sociedade para Conservação da Vida Selvagem.