“Se você quiser libertar uma sociedade, apenas dar-lhes acesso à Internet”. Estas foram às palavras ditas pelo ativista egípcio Wael Ghonim em entrevista à CNN no começo de fevereiro de 2011, apenas dois dias antes de estourar as revoltas que pressionaram a queda do ditador Hosni Mubarak. Especialistas apontam que a revolução foi caracterizada pelo uso instrumental das redes sociais que conseguiu mobilizar as massas no sentido de trazer mudanças políticas ao viés do que venha a ser democracia.
Revolução Social Cibernética
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O mundo ficou assustado com a forma como estes novos tipos de mídia agiram como ferramentas eficazes para promover a participação cívica, através do apoio às capacidades dos ativistas democráticos, permitindo fóruns para a liberdade de expressão e oportunidades de networking políticos, fornecendo espaço para apoiar a capacidade dos manifestantes em planejar, organizar, executar e realizar protestos pacíficos.
Elucidação do Enfoque Elitista
Diversos especialistas atenuam o modo no qual foram explorados os novos caminhos da mídia para permitir uma forma eficaz de jornalismo cidadão, através do fornecimento de fóruns para pessoas comuns documentarem os protestos, fornecer provas da brutalidade do governo, enfim, divulgar com as próprias palavras e imagens para o outro que está do lado inverso no mundo em aspectos geográficos.
A imprensa comum ressaltar o enfoque da revolta como se fosse outra guerra religiosa de guerrilhas islâmicas, visto que oitenta por cento da população egípcia são de mulçumanos. Porém, o ciberativismo fez com que os leitores informados soubesse qual representa o legítimo objetivo da respectiva revolução, isto é, lutar por democracia que há anos não acontecia do país que possui o delta do rio Nilo.
Tendências de Pensamento: Modificação via Web
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Ao discutir esses aspectos com a rede mundial de computadores, uma atenção especial foi dada à luta de comunicação que surgiu entre o povo e o governo, por meio de lançar luz sobre as evidências da luta política, impondo assim as próprias agendas e garantindo o cumprimento das demandas.
Enquanto, ao mesmo tempo, o povo se envolveu em uma luta de comunicação para garantir com que as vozes autênticas fossem ouvidas, assim como o lado da história contada pela população também fosse registrada. Não se pode ignorar que em termos gerais os esforços agregados resultaram em balanço de inclinação política do mundo em favor de combatentes da liberdade e ativistas políticos contra o regime ditatorial.
Censura x Redes Sociais
Há tempos o panorama da mídia árabe assiste ao paradoxo desconcertante: a lacuna entre arena da mídia vibrante e ativa, na qual muitas vozes resistentes e de oposição podem ser ouvidas, de um lado, e por outro, a dormente e estagnada arena política que não apresentam quaisquer sinais de mudança ativa à participação popular, ou a verdadeira democratização.
Esta lacuna intrigante, que foi prevalente em muitas partes do mundo árabe, foi explicada por alguns estudiosos árabes como “válvulas de segurança” à noção, ou seja, que a mídia árabe, especialmente a imprensa de oposição, estava sendo explorada pelos regimes dominantes autocráticos como plataforma para as pessoas desabafarem sentimentos de raiva e ressentimento para com os governos autoritários herdeiro. Mais ou menos com válvula de escape aos problemas sociais vividos no cotidiano.
http://www.youtube.com/watch?v=alRHlNsE-scMídias Árabes: Antes e Depois dos anos Noventa
Não se pode ignorar o fato de que antes dos anos noventa do século XX, grande parte da mídia no mundo árabe estava com os governos, sendo que os meios funcionavam com supervisão rigorosa e controle governamental. Um número de autores argumentavam que nesta época a mídia árabe controlada para manter os leigos desinformados, e, portanto, incapazes de participar efetivamente das controvérsias políticas e debates racionais.
Uma nova revolução da mídia eclodiu no mundo árabe depois de 1990, inspirado pela introdução de ambos os canais de televisão por satélite e Internet. A penetração da internet começou a se espalhar por todo o mundo árabe, embora a região tenha e enfrentado muitos desafios, incluindo a falta de tecnologia de informação humana e econômica, o analfabetismo informático e a falta de recursos para pesquisa e desenvolvimento de TI (Tecnologia da Informação).
Ironicamente, apesar de muitos sites de Internet e blogs foram usados para desafiar e resistir a governos autocráticos e regimes ditatoriais no mundo árabe, um número desses governos tomaram medidas para incentivar a proliferação da Internet e acessibilidade, principalmente a fim de impulsionar o desenvolvimento econômico, como no caso do governo egípcio.
No geral, pode-se dizer que a introdução de canais de televisão por satélite e internet representou importante mudança da monolítica, controlada pelo Estado, e de propriedade do governo padrão para uma mídia mais pluralista e diversifica, onde muitas vozes e concorrentes representam diferentes posições políticas e orientações ideológicas. Ao mesmo tempo o efeito contribuindo para a riqueza dos debates políticos em curso e da formação de uma grande variedade de tendências de opinião pública.
O aumento do uso de mídia social no mundo árabe seguiu com a evolução da Internet e penetração de telefonia móvel. Um estudo realizado por Philip Howard, envolvendo países predominantemente muçulmanos em todo o mundo, mostra que o telefone móvel e a penetração da Internet tem aumentado em níveis consideráveis, com taxas de adoção de tecnologia entra as mais altas do todas as nações em desenvolvimento.
Emancipação Cultural no Oriente
A Internet permite a divulgação de conteúdos culturais no mundo árabe. Grande parte do conteúdo gerado pelo usuário é transmitida via mídias sociais, como o Facebook, o portal de compartilhamento de vídeos YouTube, Twitter, serviço de mensagens curtas (SMS) ou mensagens de texto. Estes meios permitem a comunicação entre usuários que pode ser ligados uns aos outros, permitindo que aconteça transmissão de ideias para grande número de pessoas.
A importância da introdução da Internet decorre do fato de que desafia as fronteiras, contraria a censura da mídia governamental e fornece voz alternativa para meios de comunicação tradicionais, que ecoam com pontos de vistas oficiais das políticas governamentais. Em outras palavras, permite o fluxo de entrada de informações simultaneamente através de um mundo cibernético praticamente definido.
A Internet é também um meio de rápido crescimento e expansão, especialmente entre os jovens. Pesquisas recentes indicam que o uso da rede mundial de comutadores está cada vez mais prevalente entre os grupos etários mais jovens dentro do mundo árabe, especialmente de 20 a 30 anos de idade.
Artigo escrito por Renato Duarte Plantier