Guerra da Água: Recurso Público ou Privado?

A guerra da água ainda não está sendo noticiada na TV ou na internet e nem mesmo acontecendo de forma prática, porém, é uma realidade silenciosa. Pudemos observar nos últimos tempos diversos conflitos em que a causa dos mesmos era a água, como, por exemplo, o conflito em Barcelona que foi causado pelo aumento das tarifas ou então da quase guerra na Patagônia chilena devido a construção de represas enormes.

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Dentre tantos conflitos causados por tarifas abusivas que são aplicadas pelas multinacionais não podemos deixar de destacar a situação da Coca Cola que tenta dominar Chiapas, no México que é simplesmente uma das reservas mais importantes do país. Sendo assim não podemos fechar os olhos e não enxergar a guerra da água que começa a se desenrolar pelo mundo.

A Guerra da Água – Uma Guerra Pela Vida

A Guerra da Água

A Guerra da Água

Se um dia o mundo já entrou em conflito por petróleo e riquezas como o ouro é bem possível que entre em guerra pelo bem mais precioso da Terra, a água. Nenhum ser humano é capaz de sobreviver sem água potável e dessa forma é facilmente compreensível o deslindar da situação extrema que está cada dia mais real.

No foco desse conflito velado e burocrático (por enquanto) está o antagonismo entre as multinacionais privadas de água e aqueles que estão militando pelo igual e gratuito acesso ao recurso natural que em princípio não é propriedade de ninguém. Essa disputa está ganhando cada vez proporções maiores.

A Água

A Água

Para se ter uma ideia já foi criado o Fórum Mundial da Água. Podemos compreender um pouco melhor o que se encontra em jogo desvendando as identidades de quem está por trás desse fórum organizado pelo Conselho Mundial da Água. Este conselho foi fundado pelas multinacionais da água Veolia e Suez além do Monetário Internacional, todos defensores da privatização da água nos países do Sul do planeta.

Água – Um Negócio Lucrativo

O mercado da água representa um negócio substancialmente lucrativo uma vez que está vislumbrando um mercado de cerca de um bilhão de pessoas que não tem acesso a água potável, recurso essencial para a sobrevivência. Isso sem contar três bilhões de pessoas que precisam de banheiro.

Dessa forma a água se tornou um tema estratégico e pode ter repercussões humanas bastante profundas. Os especialistas em água calcularam que no período que vai do ano de 1950 ao ano de 2025 acontecerá uma redução de 71% das reservas mundiais de água por habitante. Basicamente de 18 mil metros cúbicos de 1950 irá para 4.800 metros cúbicos no ano de 2025.

Dados Que Assustam na Guerra da Água

Alguns levantamentos demonstram a gravidade da falta de água, para se ter uma ideia por dia cerca de 2.500 pessoas morrem pela simples falta desse recurso. Metade dessas pessoas são crianças. Numa comparação rápida Nova York possui 100% das casas recebendo água potável enquanto nos países em desenvolvimento essa porcentagem é reduzida para 44% e na África Subsaariana cai para 16%.

Assunto Público ou Privado?

A principal discordância nessa guerra da água é se a água é uma questão pública ou privada, ou seja, se deve ser do controle de empresas multinacionais ou então da sociedade civil. Um dos principais exemplos utilizados pelos defensores de que a água deve ser um recurso público é o das represas Santo Antonio e Jirau, no rio Madeira, a oeste do Amazonas, no Brasil.

As duas represas têm um custo de 20 bilhões de dólares e no processo de construção das mesmas estão envolvidas o banco espanhol Santander e a multinacional GDF-Suez. A primeira consequência que essa obra provocou foi o êxodo dos índios que viviam nessa região. Os povos indígenas acabaram indo se refugiar em terras ocupadas por garimpeiros de ouro o que acabou resultando em choque entre eles.

Outras consequências que são acarretadas por essa construção são a inundação de terras agrícolas e matas além do esgotamento de espécies aquáticas. Existe ainda a ameaça que essas represas representam para as populações indígenas ao longo do rio Madeira: Uru-eu-Wau-Wau e os Katawixi e os Karitiana e os Karipuna.

As populações indígenas dessa região não foram consultadas a respeito da construção dessas represas.

Guerra da Água Pelo Mundo

Vale destacar que o problema da água não existe somente no Brasil, outros países como Laos e Uganda, por exemplo, já tiveram sérios problemas causados pelas multinacionais que por causa da água causam destruição. A água foi reconhecida como um direito de todos pelas Nações Unidas no ano de 2010.

Porém, pelo o que podemos observar das relações de negócios envolvendo o recurso da vida constatamos que este reconhecimento está bem distante de ser real. Num breve levantamento sabe-se que apenas 30 dos 193 países que integram a ONU inscreveram o direito a água na sua Constituição.

Uma curiosidade é que esses 30 países são todos do Sul, o Norte deseja que a água seja um bem privatizado para que possa faturar. O desejo de lucro com a água está cegando as pessoas para o custo humano que a escassez de água pode gerar as populações sem água.

O Que Pode Ser Feito

O cenário da batalha pela água e a disputa entre público e privado é real e está desencadeando o que podemos entender como a guerra da água. Trata-se de uma guerra que por enquanto se mantém no âmbito comercial, mas que facilmente poderá ser levada para campos de batalha físicos assim como está acontecendo com o petróleo.

Para tentar conter o avanço das multinacionais sobre essa riqueza é válido que a população se mobilize para fazer um contraponto a influência que essas empresas tem nesse campo. Na cidade de Cochabamba, na Bolívia, por exemplo, foi realizado um protesto que ganhou destaque pelo mundo.

Nesse protesto dezenas de milhares de pessoas foram as ruas para manifestar a sua posição contrária ao aumento da tarifa da água potável que estava sendo imposto pela multinacional norteamericana Bechtel. A água deve ser um direito de todos uma vez que é um recurso essencial para a sobrevivência humana.

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O ser humano deve se manifestar para garantir o seu direito a água potável, pois isso é se manifestar a favor da sua sobrevivência.

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Categoria(s) do artigo:
Gestão Ambiental

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