Eram 4 de setembro de 1989 e o Boeing 737-200 prefixo PP-VMK que decolara no final da tarde do dia anterior do Aeroporto de Marabá.
No interior do Pará com destino à Belém transportando 54 passageiros mais a tripulação, já haviam se passado muitas hors além do normal considerado para o pouso e não se sabia notícias do mesmo, proporcionando horas de angústia aos familiares dos tripulantes e passageiros.
A descoberta
Horas mais tarde o avião foi encontrado na floresta amazônica, onde o piloto havia realizado um pouso forçado e, para espanto de todos, num local completamente fora da sua rota. O que resta saber era como um comandante com muitas horas de vôo e tamanha experiência juntamente com sua tripulação conseguiram se perder num trajeto tão curto?
Sistema de navegação precário
O sistema de navegação do Boeing 737-200 era convencional, não disponibilizando nem de GPS ou de um sistema inercial, que tem a função de indicar ao piloto a qualquer momento a posição geográfica da aeronave.
Os mais maldosos espalhavam que a tripulação estava ouvindo o jogo da Seleção Brasileira pelo rádio e se descuidaram da pilotagem do avião, mas com certeza o sistema de navegação foi o fator determinante para que a tripulação se perdesse e saísse de sua rota original.
O erro
O rumo certo para que o Boeing saísse de Marabá e chegasse em perfeitas condições à Belém, era de que as coordenadas fosse de 27 graus, mas o mapeamento das rotas era impresso naquela época, e um erro nessa impressão colocou a coordena como 027.0 graus, fazendo com que a sentagem da proa fosse para o oeste, sentido completamente oposto do que se deveria estar sendo seguido.
É difícil acreditar que pilotos experientes cometessem um erro grotesco como esse, e o pior, que continuassem persistindo no erro, pois quando perceberam que algo não estava certo não conseguiram encontrar onde estava o erro original.
É comum que este tipo de falha ocorra em algum momento da carreira de um piloto, mas é um tipo de erro que passa desapercebido por mais ou menos 30 segundos, no máximo um minuto, até que o mesmo seja corrigido.
Um aviso importante
O pouso forçado do vôo 254 se deu durante a noite, com dois de seus motores desligados por falta de combustível numa floresta na Serra do Cachimbo, localizada no estado de Mato Grosso, em São José do Xingú.
O comandante contou com muita sorte e também demonstrou muita perícia ao pousar o avião naquelas condições. Em razão do grande impacto do peso do avião contra rochas, árvores e o próprio solo, algumas poltronas se soltaram do chão do avião e foram ao encontro imediato dos passageiros que estavam acomodados na parte frontal do avião.
No ato do pouso forçado, somente um passageiro morreu devido a não colocar cinto de segurança, mas outros treze também morreram devido à falta de pronto-socorro, causado pela informação errada do comandante de que o avião tinha caído no eixo Marabá-Belém, porém nada havia nesta localização.
Para que as equipes de resgate chegassem foi necessário que um dos passageiros, acostumada a andar no meio da mata, saísse em busca de ajuda, e ele conseguiu, chegando numa fazenda e alertando às equipes de resgate, que chegaram ao local após 52 horas do acidente.