Quando assistimos a notícias sobre terremotos devastadores podemos nos pegar pensando o quanto parece surreal que a terra simplesmente se mova derrubando edifícios e causando desabamentos que vitimam milhares de pessoas. Em parte esse questionamento se deve ao fato de que moramos num país em que não há terremotos, contudo, também é causado pelo desconhecimento a respeito do conceito de que a Terra se mexe o tempo todo.
O movimento constante que atribuímos a Terra se deve aos blocos rochosos que formam a camada sólida de nosso planeta. Alguns problemas durante esses movimentos ocasionam os tremores e o processo de deriva continental (movimento de deslocamento das massas sólidas dos continentes).
O Poder de um Terremoto Acima de 8 na Escala Richter
A Escala Richter é uma escala logaritma de 1 a 10 que é utilizada para medir a intensidade dos sismos (tremores de terra). Para que fique mais claro o poder de um terremoto é interessante dizer que um abalo classificado acima de 8 nessa escala tem poder semelhante ao de 50 mil bombas atômicas como a que foi lançada em Nagasaki, Japão, durante a Segunda Guerra Mundial.
Outro problema que acompanha esse tipo de abalo sísmico é o fato de que geralmente após o terremoto principal surgem abalos secundários sendo que alguns são bastante violentos. Esses abalos podem causar deslizamentos de terra, provocar o desabamento de edificações e até mesmo romper represas. O número de vítimas fatais nesse tipo de desastre pode facilmente chegar à casa de milhares. Um dos pontos mais atingidos por terremotos acima de 7 pontos na escala Richter é Sichuan, na China que está situada próxima as bordas das placas Euroasiática e Indiana.
Entendendo o Movimento das Placas Tectônicas
Para começar é importante entender o que são as placas tectônicas, basicamente são blocos enormes que compõem a camada sólida externa do planeta, chamada de Litosfera (crosta terrestre + parte superior do manto). Podemos fazer uma analogia com uma casca de ovo rachada. Aparentemente está tudo firme, contudo, a camada inferior do manto que fica embaixo rochas sofre intensa pressão em temperaturas muito altas de maneira que mesmo sendo sólida dificilmente se mantém no lugar.
O resultado disso é que essa matéria se torna plástica movendo-se lentamente criando correntes de convecção – o mesmo movimento de sobe e desce que acontece na água em ebulição. O movimento dá impulso para que as placas naveguem de maneira que em alguns pontos acabam por se chocar com outras placas, as chamadas placas convergentes. Há também as placas divergentes que são aquelas que estão navegando em sentido oposto de maneira que a distância entre elas aumenta criando uma fenda.
Existe ainda um terceiro tipo de movimento que forma as chamadas Falhas Transformantes, quando duas placas navegam lado a lado de maneira que se produz grande quantidade de energia que é descarregada como abalos sísmicos. Porém, não é só a quantidade de energia que um terremoto libera que define o quanto de estrago esse abalo trará para a região. Outros fatores como o tipo de solo, distância do epicentro (ponto da superfície que está no ponto foco de liberação de energia), tipo de edificações entre outros.
Continentes que Se Encaixam
Atualmente parece bem claro para nós que os continentes em algum momento estiveram encaixados devido a forma de suas bordas que podem ser unidas como peças de quebra-cabeça, no entanto, nem sempre o homem teve recursos e conhecimento para chegar a essa conclusão. Foi somente a partir do século XX que ciências como a Geologia e Geofísica começaram a se desenvolver.
No século XIX naturalistas descobriram fósseis de animais idênticos em diferentes continentes que estavam separados por vastos oceanos. Os especialistas aventaram duas possibilidades, a primeira de que o planeta Terra tivesse tido um único continente em algum momento ou que existissem pontos naturais entre eles. A primeira opção acabou ganhando força com a tesa da deriva continental elaborada por Alfred Wegener (1880-1930).
O trabalho de Wegener que era meteorologista dava ênfase a existência do supercontinente Pangeia que teria se partido em pedaços menores que devido ao processo de deriva se espalharam pelo planeta. Contudo, nessa tese ainda não ficava claro quais teriam sido as forças que provocaram o movimento de navegação dos continentes.
O Movimento das Placas Tectônicas
Foi a partir dos anos 1960 que as ciências geológicas receberam novo impulso e fizeram novas descobertas como terrenos recentes no fundo dos oceanos. A partir daí se tornou mais simples compreender a teoria das placas tectônicas. Basicamente os continentes estão em movimento assim como a crosta do planeta. O movimento também acontece no fundo dos oceanos em que há o recorte de 12 grandes placas e ainda outras 20 placas menores.
Algumas dessas partes fazem o movimento de subida a superfície do planeta enquanto outras retornam ao manto mergulhando por meio de fendas. Esse conjunto de movimentos é orquestrado pelos movimentos realizados pelo manto inferior. Dessa forma a superfície do nosso planeta passa por renovações.
Abalos Sísmicos no Brasil
Lembra que dissemos no começo do artigo que o Brasil não tem terremotos? Na verdade nosso país enfrenta alguns abalos sísmicos, porém, não na mesma magnitude de países que estão nas bordas das placas tectônicas. Nosso país se encontra numa posição privilegiada no centro da placa Sul-Americana. Contudo, isso não exime nosso país das falhas que o recortam e causam abalos sísmicos de pequena magnitude, mas que nem sempre passam despercebidos.
No ano de 2007 o Brasil ficou aturdido com o abalo sísmico que ocorreu em Caraibas, Minas Gerais. Esse terremoto que atingiu um pouco mais do que 4,9 na escala Richter não teria tido consequências tão devastadoras se as edificações da região não fossem tão precárias. Nesse ano uma criança morreu vítima do abalo, a primeira vítima de um abalo sísmico em nosso país.
Nosso país ainda é atingido pelos reflexos de terremotos que acontecem nas bordas da placa Sul-Americana. No Acre é possível sentir tremores de terra quando a placa de Nazca mergulha para baixo da placa Sul-Americana. Contudo, nunca houve consequências mais sérias na região porque o foco é bastante profundo, o impacto se dá com até 600 quilômetros de distância para a superfície. Isso nos mostra que mesmo estando numa posição relativamente segura é sempre bom ficar atento a possíveis terremotos porque a Terra se mexe o tempo todo.