Um dos grandes desafios enfrentados pelos ambientalistas hoje em dia é encontrar meios ecologicamente corretos e financeiramente viáveis para recuperar as áreas que foram degradas por diversos meios, tanto com o desmatamento, como pelas águas das chuvas ou erosão. Essa preocupação em reparar danos tão graves ao ecossistema já vem de longas datas.
Podemos perceber, através de relatos e pesquisas, que o reflorestamento no Brasil vem sendo discriminado desde o século XIX, não necessariamente para fins de recuperação de áreas degradas, mas para uma reestruturação do ecossistema brasileiro. Todavia, foi a partir da década de 80 que o reflorestamento com foco na recuperação de áreas foi estabelecido no país.
Atualmente, não é preocupação isolada dos ambientalistas as questões sociais e ambientais causadas pela devastação de florestas e a degradação do ecossistema. Muitas empresas tem abraçado essa causa, investindo pesado e até mesmo criando cursos, ministrando palestras e incentivando seus colaboradores nessa árdua tarefa de recuperar o que o homem tanto destruiu.
A gradativa evolução e exigência da legislação ambiental ocorridas nas últimas décadas, de maneira especial a que trata da obrigatoriedade da recuperação de áreas degradadas, têm colaborado expressivamente para o aprimoramento da tecnologia pertinente e tem despertado o interesse de várias categorias profissionais. Pesquisadores, técnicos e empresas estão empenhados na solução de múltiplos problemas, específicos da área.
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Afinal, O Que Se Entende Por Degradação?
O conceito de degradação tem sido geralmente associado aos efeitos ambientais considerados negativos ou adversos e que decorrem principalmente de atividades ou intervenções humanas. Raramente o termo se aplica às alterações decorrentes de fenômenos ou processos naturais. O conceito tem variado segundo a atividade em que esses efeitos são gerados, bem como em função do campo do conhecimento humano em que são identificados e avaliados. De acordo com o uso atribuído ao solo, a definição de degradação pode então variar, como podemos verificar a seguir:
De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio da sua NBR 10703, a degradação do solo é apontada como sendo a “alteração adversa das características do solo em relação aos seus diversos usos possíveis, tanto os estabelecidos em planejamento, como os potenciais” O conceito contempla o entendimento do solo enquanto espaço geográfico, ou seja, extrapola o sentido de matéria ou componente predominante abiótico do ambiente.
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Entendendo o Solo e a Gravidade da Destruição
Segundo o Banco Mundial, os solos agrícolas do mundo vêm se degradando a uma taxa de 0,1% ao ano, dados que corroboram com os estabelecidos pela FAO, que apontam a perda de cinco milhões de hectares de terras aráveis por ano devido a más práticas agrícolas, secas e pressão populacional, além de inúmeras ações antrópicas de exploração inadequada dos recursos naturais englobando o compartimento solo.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUD), através do GLSOD (Global Assessment of Soil Degradation – Projeto de Avaliação Mundial da Degradação do Solo), registrou que 15% dos solos do planeta (aproximadamente 20 bilhões de ha) uma área do tamanho dos Estados Unidos e Canadá junto, estão classificados como degradados devido às atividades humanas. O maior problema que reside nestas constatações é que a maioria destes solos degradados ou em processo de degradação está nos países menos desenvolvidos.
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Principais Fatores Que Contribuem Para a Degradação do Solo
Segundo alguns estudiosos, são cinco os principais fatores de degradação dos solos listados a seguir (com os seus percentuais de participações nas áreas mundiais degradadas):
1) Desmatamento ou remoção da vegetação natural para fins de agricultura, florestas comerciais, construção de estradas e urbanização (29,4%);
2) Superpastejo da vegetação (34,5%);
3) Atividades agrícolas, incluindo ampla variedade de práticas agrícolas, como o uso insuficiente ou excessivo de fertilizantes, uso de água de irrigação de baixa qualidade, uso inapropriado de máquinas agrícolas e ausência de práticas conservacionistas de solo (28,1%);
4) Exploração intensiva da vegetação para fins domésticos, como combustíveis, cercas, etc., expondo o solo à ação dos agentes erosivos (6,8%); e
5) Atividades industriais ou bioindustriais que causam poluição do solo (1,2%).
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Quais As Alternativas Que Temos Para a Recuperação de Áreas Devastadas?
Esse processo se dá de três formas: Recuperação, Reabilitação e Restauração.
Condução da Regeneração Natural: restauração através da sucessão secundária, sendo necessário apenas o abandono da área a ser restaurada para que esta, naturalmente, se desenvolva através da regeneração natural. No entanto, para que isso ocorra, há a necessidade de superar barreiras para a regeneração natural, como a ausência ou a baixa disponibilidade de propágulos (sementes) para a colonização do local, a falha no recrutamento de plântulas e jovens (predação de sementes e plântulas e/ou ausência de um microclima favorável), falta de simbiontes (micorrizas e rizobactérias) e polinizadores e dispersores. Atualmente o método é um dos indicados para restauração florestal em áreas de preservação permanente pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Ver: http://www.mma.gov.br/port/conama/);
Plantio por sementes: esta técnica supera uma das barreiras à recuperação natural, pois os propágulos seriam diretamente lançados no local a ser restaurado. Mas o sucesso no emprego desta técnica depende de haver condições mínimas para que ocorra o recrutamento das plântulas e dos juvenis e da manutenção das interações para a funcionabilidade do ecossistema. No Mato Grosso algumas iniciativas demonstram que o método da semeadura direta, ainda que com desempenho não satisfatório para algumas espécies, mostrou-se viável, o que o recomenda como alternativa econômica de restauração florestal (Ver: www. socioambiental.org).
Plantio de mudas: Apesar de ser uma forma mais onerosa de restauração de áreas degradadas, por aumentar as chances de sucesso do desenvolvimento das plântulas e diminuir a perda das sementes, o plantio de mudas de espécies nativas de rápido crescimento apresenta alta eficácia na restauração e com o passar do tempo proporciona o desenvolvimento de espécies vegetais de outros níveis de sucessão e a atração de animais frugívoros dispersores de sementes. Pelo alto índice de sucesso dessa técnica, com a utilização de espécies de rápido desenvolvimento, cerca de um a dois anos após o plantio têm-se áreas onde espécies arbóreas venceram a competição com espécies invasoras herbáceas e gramíneas, através do sombreamento.
Estas são as formas mais comuns de recuperar uma área degrada. Vale a pena, antes de comer um projeto de restauração de uma área, conhecer melhor sobre o solo do local, a influência climática, o índice populacional, os índices de poluição e quais empresas operam no local. Vale muito a pena fazer parceria com as empresas locais, os governos municipal, estadual e federal, assim como empresas como a EMBRAPA, que sempre trás soluções e estudos valiosíssimos para alavancar essa luta por um meio ambiente mais bem cuidado.