Com as mudanças climáticas e a consequente modificação dos regimes dos rios e de seus cursos, a situação das barragens tem sido monitorada pelo governo federal e local, a fim de que os seguidos acidentes que aconteceram no início deste século não se repitam. Porém, nos últimos anos, as inspeções e monitoramentos mostraram uma situação ruim, o que alertou a sociedade civil para este problema.
Na construção de uma barragem em qualquer lugar do mundo, mas em especial no Brasil, sempre são levadas em consideração possíveis mudanças no clima, sendo preparada para uma época de seca, mas também para suportar cheias. Para isso, as barragens são dotadas de comportas que se abrem ao atingir certo nível de sua capacidade, por exemplo.
Entretanto, erros humanos na execução do projeto, na construção ou mesmo na operação e manutenção das barragens, em conjunto com outros fatores, como o aumento da quantidade de chuvas, podem levar a catástrofes, o que já ocorreu no passado.
No Brasil, só no ano de 2004, mais de 200 barragens de diversos tamanhos e tipos romperam-se, causando desastres sociais, ambientais e econômicos, além de milhares de mortos e desabrigados. As causas para os rompimentos foram atribuídas às condições meteorológicas adversas pelas quais o ano passou, mas também pela falta de manutenção das infraestruturas das represas. Desde 2001, vários acidentes já haviam acontecido, todos relacionados ao rompimento de barragens, inclusive a da empresa Cataguases, em 2003.
Além dos danos materiais e ambientais, este rompimento deixou mais de 600 mil pessoas sem abastecimento de água durante um mês.
Desde o final do ano passado ao começo deste ano, a situação das barragens voltou a alarmar as autoridades mais uma vez. Com as mudanças climáticas, fortes chuvas fizeram rios transbordarem e ameaçarem de rompimento diversas represas por todo o país. Foram constatados casos emergenciais em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, mas principalmente os açudes das regiões sertanejas nos estados do Nordeste e Minas Gerais ficaram preocupantes. No Piauí e na Paraíba, vários municípios decretaram Estado de Emergência por conta dos riscos de rompimento de barragens.
Neste cenário, tanto os CREAs (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura) quanto os Ministérios Públicos locais, têm fiscalizado e exigido do Governo Federal medidas que revertam este quadro. Para isso, a Secretaria de Infraestrutura Hídrica e a Agência Nacional de Águas vêm fazendo levantamentos para prevenir acidentes, monitorando o nível de água dos reservatórios, as condições de infraestrutura e fiscalizando suas manutenções. Porém, somente no final de 2013 o Governo Federal espera ter um relatório completo sobre as situações das barragens no país, isso se estados e municípios entregarem no prazo as avaliações acerca das represas sob suas responsabilidades.