O Rio Xingu
O Rio Xingu nasce no planalto do Mato Grosso e passa pela Serra do Roncador e pelas cadeias de montanhas da Serra Formosa. Formado por várias nascente, principalmente dos rios Curisevo, Batovi e Ronuro, o Xingu possui cerca de 2.100 km e deságua no rio Amazonas, ao sul da Ilha Grande de Gurupá.
Embora não seja um rio com uma largura tão extensa, é bastante profundo. O Projeto Hidrelétrico Xingu-Araguaia foi construído ao longo do rio durante a década de 1970. O Xingu foi explorado pela primeira vez em 1884 pelo etnólogo e explorador alemão Karl von den Steinen. No início da década de 60, o Parque Nacional do Xingu foi designado como uma reserva para os índios do Brasil.
O Parque
O Parque Indígena do Xingu foi fundado em 1961 e é considerado como o maior no que tange ao abrigo de populações indígenas em todo o continente. A área está protegida e conta com ampla fauna e flora.
Além disso, o local está aberto para visitantes, que devem adentrar somente quando acompanhados de algum agente da FUNAI para não serem considerados invasores e, consequentemente, sofrerem as punições por parte da população nativa. Proteger os índios é dever do Estado e de todos os cidadãos, segundo as normas sociais.
A área é administrada pela Funai (Fundação Nacional do índio) e está sob supervisão direta do Ministério da Justiça brasileiro.
Saiba maiores informações sobre o Parque do Xingu.
Características do Parque do Xingu
O parque, que possui área total de cerca de 27.000 km², está localizado na região norte do estado do Mato Grosso e hoje em dia conta com cerca de 5.500 índios vivendo lá. O local serve, primordialmente, para proteger todas as etnias indígenas que existem no local, além do realizar a proteção das belezas naturais que são encontradas parque adentro.
Assistência ao Povo Indígena
O governo investiu no local com o intuito de fornecer serviços e bens cruciais para a sobrevivência em sociedade. No entanto, nossa pátria ainda deve muito para dignificar a vida dos indígenas legítimos, donos da terra na qual moramos e evoluímos, atingindo a quinta posição entre os países mais ricos.
Interessante notar que mesmo com a proteção do governo, as tribos fazem questão de cultivar as suas origens, as quais ainda estão em forte risco de extinção. Este representa um dos principais fatores para a visitação turística, junto, é claro, com a exuberante geografia do local.
O Xingu é formado por quinze municípios. Porém, as estatísticas ainda carecem de exatidão, pois existem tribos que ainda não foram nem mesmo conhecidas pelo homem branco. Especialistas se superam em uma constante luta a favor de infraestrutura básica, de modo que seja possível realizar estatísticas melhores em nível qualitativo e quantitativo.
Plano Quinzenal de Jânio Quadros
O Parque foi criado na gestão do presidente Jânio Quadros, que ambicionou crescer o Brasil cinquenta anos em apenas cinco. Representa a primeira terra indígena que foi homologada oficialmente pelo poder, isso a nível de governo federal. Desde a ocasião, começou a aumentar a preocupação com relação a esta temática, aumentando, inclusive, a defesa constitucional dos povos nativos.
Darcy Ribeiro e Irmãos Villas Boas
O antropólogo Darcy Ribeiro participou de forma direta na idealização do projeto, que foi colocado em prática pelos irmãos Villas Boas. Darcy, funcionário do Serviço de Proteção aos Índios na época, redigiu praticamente o projeto completo.
Os primeiros estudos começaram na metade da década de setenta do século passado, por Egon Schaden, que notou excesso de conflito das tribos rivais naquela época. As causas do conflito eram: fixação de residência, domínio de regiões com mais matérias-primas e luta por animais para caçar.
Do período discutido até o início dos anos 90, o Parque foi visitado praticamente apenas por especialistas e, além disso, ganhou preocupação e mais notoriedade pública logo após o ECO 92.
Grupos Étnicos e Idiomas Falados no Parque do Xingu
Os 16 grupos étnicos que habitam o Parque são: Aweti, Ikpeng, Kaiabi, Kalapalo, Kamaiurá, Kĩsêdjê, Kuikuro, Matipu, Mehinako, Nahukuá, Naruvotu, Wauja, Tapayuna, Trumai, Yudja e Yawalapiti.
Os idiomas falados por eles são: Kamaiurá e Kaiabi (família tupi-guarani); Yudjá (família Juruna); Aweti (família Aweti); Mehinako, Wauja e Yawalapiti (família Aruak); Kalapalo, Ikpeng, Kuikuro, Matipu, Nahukwá e Naruvotu (família Karib); Suyá e Tapayuna (família Jê); Trumai.
O Desafio de Proteger a Cultura Indígena
A fim de proteger e manter a cultura indígena, os Irmãos Villas-Bôas aplicaram uma filosofia no local que proibia a entrada de objetos comuns nos grandes centros urbanos, como chinelos e bicicletas. Eles fizeram o que puderam para não alterar o modo de vida dos índios.
Entretanto, com o passar dos anos se tornou impossível que isso acontecesse. Hoje, por mais que a cultura ainda exista e seja forte, foi sendo modificada conforme objetos e costumes das cidades foram chegando até as aldeias.
Na década de 1980, caçadores e pescadores começaram a invadir o território do Parque Indígena do Xingu. A indústria agrícola em expansão e a pecuária na região, juntamente com a falta de recursos federais para proteger adequadamente os limites do parque, criou uma situação que colocou em risco a integridade da reserva e as comunidades que vivem dentro dela.
Até o final da década de 90, os incêndios florestais em fazendas de gado situadas ao nordeste do parque e o avanço das operações florestais para o oeste também se tornaram ameaças. Além disso, a ocupação da área em torno do parque começou a poluir as nascentes dos rios que fornecem água para o local.
Devido a essas pressões, houve uma percepção cada vez maior entre os habitantes indígenas de que eles estão rodeados por um processo de ocupação e que o parque é uma “ilha” que está ficando cada vez menor em meio a pastagens e campos de agricultura.
Com uma taxa de crescimento de cerca de 3% ao ano, a população tem para onde se expandir. Portanto, a vida nas aldeias segue um padrão cada vez mais sedentário, em contraste com semi-nomadismo tradicional. Atividades que circundam o parque estão impedindo o fluxo de animais para caça, por isso a disponibilidade de recursos naturais está se tornando cada vez mais escassa.