Fauna e Flora do Mar

A fauna e a flora do mar são riquíssimas em biodiversidade, contudo, embora boa parte dos mares tenham profundidade acima de 3 mil metros já sofrem ameaças da ação imprudente do ser humano. Cerca de 71% do planeta Terra é formado pelos oceanos que tem sido fortemente afetados pelas mudanças climáticas, o acúmulo de lixo e a exploração submarina.

Como as pessoas não conseguem ver o fundo dos oceanos não dão a atenção necessária para o mal que a degradação causa aos seres vivos que lá habitam. São despejados todos os anos uma grande variedade de resíduos nas águas dos oceanos acarretando numa situação que se mostra insustentável a longo prazo.

A Exploração do Universo do Fundo do Mar

O ser humano investiga as profundezas dos oceanos há cerca de 150 anos devido ao início da discussão que levantava a possibilidade de que existisse vida em profundidades a partir de 300 metros. Um dos acontecimentos marcantes foi a descrição de uma Gorgonocephalus caputmedusae (estrela-marinha) que foi capturada em 1818 por sir John Ross, um almirante escocês. Esse encontro dele com a estrela-marinha se deu na Passagem Noroeste, rota marítima entre os oceanos Pacífico e Atlântico na América no Norte.

No entanto, foi somente em 1850 que o ser humano teve acesso a provas contundentes de que havia flora e fauna no fundo dos oceanos através dos fiordes da Noruega. No período entre os anos 1872 e 1876, a expedição oceanográfica HMS Ghallenger, encontrou evidências da existência de animais e plantas em abismos marinhos. Em 1952 a expedição dinamarquesa Galathea chegou a mesma conclusão.

Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar

Quando a humanidade passou a saber que o fundo do mar não era um local sem vida tratou de agilizar a possibilidade de sua exploração através da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar que foi assinada em 1972 com o objetivo de considerar potencialmente exploráveis minerais que estivessem depositados no solo. O desenvolvimento tecnológico tornou possível para o homem conhecer mais a fundo os mistérios das regiões mais profundas dos oceanos descobrindo uma grande biodiversidade.

Grande Biodiversidade

Para se ter uma ideia do quanto a fauna e a flora do fundo dos oceanos é diversa numa única amostra os estudiosos encontraram 365 espécies diferentes. Os estudos continuaram e a partir do ano de 1990 foi descoberto que havia mais de 10 milhões de pequenos invertebrados (isso é o dobro do que se tem notícia em florestas tropicais) vivendo no fundo do mar. Porém, mesmo com esses números impressionantes não houve grande esforço de pesquisa e análise do local.

O reconhecimento do oceano como sendo o maior ambiente do nosso planeta se deu somente no final do século passado. Mesmo com tal reconhecimento o ambiente marinho ainda sofre como uma alternativa conveniente para o homem depositar o seu lixo uma vez que não está visível aos olhos de todos.

Lixo nos Oceanos

No ano de 1972 foi realizada uma convenção do meio ambiente em Londres onde ficou decidido que era proibido que os navios despejassem o seu lixo nos mares. Mas, mesmo com essa resolução quase nada mudou e ainda se teve o problema do acúmulo de décadas anteriores.

Uma pesquisa estimou que todos os anos são despejados nos oceanos cerca de 636 mil toneladas de lixo. Quando os cientistas recolhem amostras dos detritos ficou pasmados com a variedade de detritos dentre os quais estão plástico, redes de arrastão, cascas de frutas, material naval, material de pesca, pedaços de madeira entre outros.

Pescando no Fundo dos Mares

Apesar do lixo ser um grande problema para a sobrevivência da fauna e flora do mar existe outro fator que gera grande preocupação, a pesca de arrastão realizada em áreas com profundidade acima de 200 metros que é feita desde 1960. Os barcos tem se afastado cada vez mais da costa procurando por águas mais profundas. Trata-se de um tipo de pesca que causa impacto em populações de peixes de até 3,1 mil metros abaixo do nível do mar.

Os biólogos alertam para o fato de que as espécies que vivem nessas profundidades geralmente tem crescimento muito lento de maneira que quando há uma captura grande pode haver colapso dessas populações. O processo da pesca de arrastão ainda impacta na redução da quantidade de invertebrados. Um exemplo claro dessa situação é a do camarão vermelho Aristeus antennatus do Mar Vermelho.

Esse espécime é altamente perseguido pelas redes de arrastão há mais de 60 anos em profundidades a partir de 900 metros. Estudos realizados por especialistas observaram que houve mudanças na biodiversidade dessas áreas que não se restringem somente a redução do camarão perseguido, mas também de corais, equinodermes e esponjas que acabam sendo pegos junto por engano.

Outro ponto é que as redes se perdem nos oceanos de maneira que ficam acumuladas no fundo do mar gerando o que ficou conhecido como ‘pesca fantasma’ que designa a queda dos animais em armadilhas que estão abandonadas de maneira que não conseguem se soltar.

Exploração de Petróleo e Gás e Bioprospecção

Outro grande risco para a fauna e flora do fundo do mar é a exploração de petróleo e gás que tem sido responsável pela contaminação das águas além dos eventuais acidentes que tem se tornado cada vez mais frequentes. A imensa biodiversidade do fundo dos oceanos tem atraído outro tipo de exploração também, a bioprospecção que consiste em buscar recursos genéticos e biológicos que podem ser empregados em cosméticos e medicamentos.

É importante reconhecer que essas pesquisas têm obtido resultados significativos para encontrar agentes anticancerígenos e para a elaboração de sangue artificial. A grande questão está no ponto de que a prospecção marítima não é feita da maneira correta. Isso faz com que o ecossistema entre em risco de colapso.

Questões Climáticas

Historicamente mudanças climáticas têm sido responsáveis por verdadeiras extinções em massa, no entanto, a diferença para o momento atual é a de que pela primeira vez é o homem o responsável por tais mudanças. Para quem pensa que alterações climáticas como o aquecimento global afetam somente a terra firma temos que alertar que o fundo dos oceanos também é atingido.

Nas profundezas oceânicas as mudanças do clima tem causado uma série de processos como o de acidificação, alteração das temperaturas médias assim como o aumento das zonas hipóxicas (locais em que existe crescimento desordenado de algas que acabam sequestrando o oxigênio). Estudos científicos demonstram que metade do dióxido de carbono que é produzido e lançado a atmosfera pela atividade humana acaba no fundo dos oceanos alterando o pH da água. Muitos organismos como os corais são imensamente prejudicados.

Se o aquecimento global prosseguir nesse ritmo há o risco do desaparecimento de recifes de coral. Os biólogos explicam que corais tem uma relação simbiótica com algas e quando existe alguma alteração no meio ambiente as duas podem ser prejudicadas. O aumento de temperatura nas águas superficiais parece não ter afetado tanto as algas, no entanto, quando os olhares se voltam para os habitats frios e profundos poucas aguentam as alterações.

Conhecendo Mais Sobre a Fauna e Flora do Mar

Maior Biodiversidade

De acordo com um levantamento a maior biodiversidade de fauna e flora do fundo do mar no planeta está nas águas do Japão e da Austrália com cerca de 13 mil espécies.

Menor Diversidade Ainda é Grande Diversidade

Nas regiões em que se encontra menor biodiversidade como Mar Báltico e a região nordeste dos Estados Unidos se tem em torno de 4 mil espécies que ainda não são conhecidas.

Crustáceos

Entre 22% e 35% das espécies marinhas dos mares brasileiros, da Califórnia, do Alasca, do Caribe, da Antártica e da Corrente de Humboldt são crustáceos. Já no Mar Báltico os crustáceos representam apenas 10% da biodiversidade.

Plantas e Algas

As plantas e algas são bastante escassas no Caribe, Corrente de Humboldt, Atlântico tropical, Antártica, Pacífico tropical e China enquanto são quase um terço de todas as espécies que compõem o Mar Báltico.

Moluscos

Na Austrália e Japão os moluscos representam em torno de 26% das espécies, contudo, estão entre apenas 5% e 7% das espécies que compõem a biodiversidade do Mar Báltico e do oeste do Canadá.

Espécies Endêmicas

Representam em torno da metade das espécies encontradas na Antártica e Nova Zelândia enquanto na África do Sul e Austrália representam apenas um quarto. No Japão, Mediterrâneo, Caribe e China são encontradas menos de 2 mil espécies enquanto que no Mar Báltico existe somente uma variedade de alga marinha.

Espécies Invasivas

O Mediterrâneo é o local que possui a maior quantidade de espécies invasivas do planeta, cerca de 600 que não são originárias de lá.

Espécies Desconhecidas

Os estudiosos acreditam que ainda falta descobrir em torno de 38% das espécies na África do Sul, entre 39% e 58% na Antártica, 75% no Mediterrâneo, 70% no Japão e na Austrália mais de 80%.

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Categoria(s) do artigo:
Ecologia

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