O Artesanato e a Reciclagem
Não é raro ler artigos e dicas sobre artesanato citando as obras como formas de reciclagem, mas a questão permanece: esse tipo de atitude é válida?
Primeiramente, ao idealizar um tipo de artesanato como forma de reciclagem, devemos analisar cuidadosamente o primeiro pensamento em mente que é, normalmente, que quase todos os materiais de plástico e metal, de garrafas PET a lâmpadas, são passíveis de serem transformados em alguma forma de arte. No entanto, para ser considerado, de fato, uma forma de reciclagem, este artesanato tem que obedecer algumas premissas essenciais.
Antes de mais nada, o artesanato feito como meio de reciclagem tem que, acima de tudo, ser de fato, útil. Os tão costumeiros “trabalhinhos” feitos pelos pequenos nas escolas, por exemplo, onde garrafas PET viram cestinhas de Páscoa, lixeiras e outros acessórios – ocasionalmente estes materiais vão, também, parar na lixeira, exatamente como a garrafa PET teria isso parar antes, com a diferença de que, depois de recortadas, coladas e unidas à EVA, as garrafas são inúteis para a sua reciclagem regular.
Os Materiais
Isso acontece não só com garrafas PET, mas papelões, plásticos, metais, caixas longa vida, sacolas e uma infinidade de outros materiais que poderiam ser reciclados de maneira tradicional, mas que sofreram alguma espécie de alteração e, a partir disso, não podem mais voltar ao consumo, sofrendo o fim da decomposição demorada e prejudicial ao ambiente.
Para ser válido como reciclagem, o artesanato deve criar uma peça que será utilizada de maneira efetiva e duradoura, que vise a reutilização completa do material que recicla, e não apenas uma curta vida útil para ir parar no lixo algumas semanas depois. Bons exemplos disso, são quadros ou murais feitos com porcelanas quebradas ou recortes de garrafas PET e outros plásticos coloridos de embalagem, lixeiras e potes de armazenamento feitos de potes de plástico, como sorvetes e similares – uma vez redecorados e postos em uso, permanecerão sendo usados.
As Peças
Isso não quer dizer, é claro, que peças feitas com materiais de reciclagem não devam ser feitas – mas utilizá-las de maneira não permanente e não efetiva, apenas uma reutilização breve do material, que então virará, novamente, lixo. Em casos extremos, esse tipo de reutilização pode até mesmo ser prejudicial – o que antes era uma mera caixinha de leite vira uma mistura de algodão, EVA, cola quente e tinta, que não pode ser aproveitada em reciclagem, nem tampouco é uma reciclagem em si.
Portanto, ao buscar formas de reciclagem artesanal, lembre-se de que a peça só vale como reciclagem, se for pelo menos duradouro, e evite inutilizar peças de pouco uso – a natureza agradece.