O conceito de montanhas até os dias de hoje ainda é discutido dentro da comunidade cientifica, não há um consenso 100% sobre ele, é claro que tem algumas definições que são mais aceitas do que hoje, mas o consenso total não foi ainda estipulado, por isso fica a cargo de cada especialista adotar e identificar os conceitos que mais se caracterizam e encaixam dentro da sua área de atuação. Antes de começar a falar sobre montanhas em si, para entender se existem ou não existem montanhas no território brasileiro, é preciso inicialmente esclarecer dois outros conceitos que são constantemente confundidos pelas pessoas, eles são os conceitos de altura e de altitude, os quais muita gente considera como sendo a mesma coisa, mas não é.
A altura está relacionada ao tamanho de fato da elevação, ou seja, é altura medida desde a base da montanha a até o seu pico, sem considerar a elevação do terreno onde ela está, portanto, a altura diz respeito ao tamanho real, ao tamanho visível de uma montanha, morro, etc. Já quando nós falamos sobre a altitude de uma montanha, não estamos falando da sua altura, uma vez que a altitude é medida em relação ao nível do mar, ou seja, considera-se o ponto 0 de elevação (nível do mar) e começa a contar a partir desse ponto até o pico da montanha, o valor total medido será a sua altitude total, ou seja, a altura está incluída na altitude, mas a altitude não está incluída dentro da altura. Podemos então definir que a altitude de uma montanha é igual a sua altura real mais a elevação do terreno em que ela está localizada.
Olhando por esse ponto, inclusive a montanha “mais alta do mundo” na verdade não é a mais alta em altura, a imponente Everest na Ásia na verdade é a mais alta em altitude, o Everest contém sim o pico mais alto em todo o planeta, mas ele não tem a maior atura, que fica para outras montanhas, vamos aqui citar algumas das montanhas que podem ser consideradas as mais altas da Terra dependendo da abordagem de interpretação adotada, são elas a Mauna Kea que está localizada no Havaí, a montanha Dhaulagiri que está localizada na região do Nepal e o Monte Chimborazo, que está localizado no Equador e que por muitos teóricos é considerado o verdadeiro ponto mais alto do mundo, por diferentes razões.
Montanhas
Agora que você já foi conceitualizado e informado sobre questões importantes relacionadas as montanhas, podemos então abordar o assunto da ocorrência de montanhas no Brasil, pois agora será muito mais fácil de você entender que a resposta para a pergunta do texto é não, não existem montanhas atualmente no Brasil. Essa resposta pode parecer muito estranha em um primeiro momento, afinal a grande maioria de pessoas mora em regiões que são chamadas de montanhosas, como é possível não existirem montanhas se quando andamos em certas estradas olhamos diretamente para formações geológicas que desde sempre chamamos de montanhas? A resposta para essas questões é que na verdade sempre chamamos de montanha diferentes formas de relevo, montanhas são outra coisa.
O Que É Montanha?
Essa pergunta é fundamental para que possamos entender porque não existem montanhas no nosso país, então vamos lá, montanhas são formações geológicas, são uma forma de relevo que é representada principalmente pela sua muito elevada altura. Existem alguns tipos diferentes de montanhas e a classificação usada para dividi-las normalmente baseia-se nos critérios de altura, altitude, origem da formação, idade e o seu aspecto. Vamos começar aqui falando sobre as montanhas mais jovens, depois abordaremos as montanhas de formação mais antiga.
As montanhas mais jovens ou no termo correto definidas como formações geológicas de origem mais recente, normalmente não são sozinhas, elas forma grandes cadeias que chamamos também de cordilheiras, essas cordilheiras são normalmente muito extensas e ocupam muitas centenas de quilômetros, essas montanhas que tem um formato normalmente mais pontiagudo em seu topo são originadas principalmente dos chamados dobramentos recentes, ou seja, foram originadas devido a pontos de colisão entre as placas tectônicas existente no planeta, acredita-se que tenham sido formadas nos últimos 25 milhos de anos. Com a colisão das placas pode acontecer o que conhecemos como falhamentos dobramentos, etc. Alguns exemplos dessas montanhas são a Cordilheira dos Andes aqui na América do Sul e a Cordilheira do Himalaia na Ásia.
As montanhas mais antigas que exatamente por serem mais antigas já passaram também por muito processos físicos, como a erosão e o intemperismo, tem o seu cume menos pontudo e mais arrendondado, além de contar também com algumas partes e áreas com mais rebaixamento, afinal são milhões de anos de ação do tempo sobre elas. A origem dessas montanhas é principalmente os processos vulcânicos que já foram extremamente intensos em certo período terrestre, a constituição desse tipo de montanha geralmente conta com rochas do tipo magmáticas e metamórficas. Alguns exemplos dessas formações geológicas mais antigas são os Montes Urais e os Alpes Escandinavos.
Alpes Escandinavos
Como explicado acima, as montanhas mais antigas elas não possuem a mesma forma e a mesma altura que um dia já tiveram por causa dos processos físicos que atuam sobre ela, ou seja, ela pode ter sido um dia muito alta e imponente, mas hoje já não se parece mais a como era em seus dias passados. Isso é o que gera muita discussão aqui no Brasil, pois em um passado muito distante, há centenas de milhões de anos atrás, durante a movimentação das placas tectônicas e junção dos continentes, foram formadas montanhas aqui no Brasil, no entanto, elas hoje não mais possuem tamanho ou forma de montanhas, por isso normalmente se classifica que aqui não existem essas formações geológicas, mas há um discussão em cima disso, pois devemos ou não devemos considerar as montanhas antigas como montanhas? Afinal um dia elas foram altas, grandes e distintas, mas hoje não são mais, elas merecem serem classificadas como montanhas ou não?
Aparentemente a própria comunidade acadêmica ainda não tem uma resposta para isso, o mais comum é adotar o consenso de que não há montanhas por aqui, pois elas geologicamente falando já se tornaram os conhecidos planaltos, que temos muitos dentro no nosso país, isso acontece por causa dos processos de formação e de degradação do relevo. Como no Brasil não há mais processos de formação, apenas de degradação do relevo, é “mais correto” dizer que não existem montanhas em nosso território. O processo de formação e de orogênese é uma das formas de classificação de montanhas, nas grandes Cordilheiras, por exemplo, ele ainda é prontamente ativo e de processo continuo até os dias de hoje, mesmo após milhões de anos de sua formação.
