A história da humanidade é pautada pela barragem de rios para os mais variados tipos de usos seja para evitar problemas como enchentes e secas, para facilitar os processos de agricultura entre outros motivos. A barragem dos rios com fins ao fornecimento de energia elétrica ainda é relativamente recente na história do mundo, porém, já tem deixado muitos impactos negativos para trás.
As primeiras barragens de rios para a construção de hidrelétricas datam do século XIX nos Estados Unidos. Em nosso país as primeiras barragens datam da mesma época, no século XX cresceu o número de barragens de rios com o objetivo de produzir energia. Depois da Segunda Guerra Mundial as hidrelétricas passaram a fazer parte do processo de industrialização das grandes economias.
Para que o potencial de energia fosse suficiente para atender as demandas criadas pelo homem foi necessário construir mais barragens em rios com mais potencial hidrelétrico e vários pontos do mundo foram tendo as águas de cachoeiras e corredeiras represadas para que pudessem fornecer energia.
A Amazônia e as Hidrelétricas
Quando falamos sobre potencial hidrográfico não tem como não lembrar da Amazônia que conta com um grande volume de água. Para se ter uma ideia a bacia hidrográfica do rio Amazonas (incluindo a bacia do rio Tocantins/Araguaia) tem uma área de aproximadamente 7,1 x 106km2.
A média de descarga de água por ano no rio Amazonas é de 175 mil m³/sec, no rio Tocantins/Araguaia a média é de 11 mil m³/sec. Trata-se de um excelente potencial hidrelétrico e parece que o homem finalmente identificou esse fator. Se durante muito tempo as água da Amazônia estiveram em segundo plano para a produção de energia hoje estão na mira de vários projetos para aproveitar o seu volume de água.
O problema não está em represar as águas, mas sim nos impactos ambientais que isso pode causar e já está causando no bioma da Amazônia, um dos mais importantes do mundo.
Impactos Ambientais na Amazônia
Transferência da População
A primeira coisa que se precisa fazer quando se toma a decisão de construir uma represa para um hidrelétrica é mudar a população da área que será inundada. Grande parte dos problemas ambientais gerados para os locais represados tem alguma ligação com essa mudança estratégica sem contar que descaracteriza uma região.
Perda dos Solos
O relevo da Amazônia é bem pouco acidentado e por isso mesmo as represas que irão ser construídas na região irão cobrir milhares de quilômetros quadrados com poucos metros de água. A inundação de uma região altera os solos e esse fator deve ser levado em conta.
Grande parte dos solos da Amazônia são considerados ácidos e pobres em sais minerais além de ter pouca fertilidade, porém isso varia de acordo com a textura e a condições geológicas de cada local. As perdas dos solos não podem deixar de ser ligadas a produção de energia elétrica.
Para que os impactos ambientais nesse sentido de perda de solos seja baixo na Amazônia é fundamental que sejam feitos estudos preliminares para identificar se há a possibilidade de se perder recursos minerais valiosos devido a inundação da região.
Perdas de Espécies de Plantas e Animais
Em sua maioria as áreas da Amazônia que serão alagadas para a construção de represas em grande parte são cobertas por florestas densas e tropicais. Vale o parêntese de que as florestas tropicais úmidas como a da Amazônia possuem um ecossistema rico em vários tipos de espécies de plantas e animais.
Mesmo que sejam realizados estudos a respeito das espécies botânicas e de animais que vivem na região com o objetivo de reduzir o impacto ambiental existe o fato de que se trata de uma quantidade muito grande de espécies a ser levantada. Com pouco tempo e poucos especialistas esses estudos podem não ser o bastante para evitar que espécies de plantas e animais sejam varridas pelas águas.
Habitats
Há ainda outra questão relevante em relação as espécies perdidas das áreas inundadas, para onde essas espécies que se pretende salvar serão levadas? É possível salvar pequenas populações desde que existam habitats adequados para que essas espécies continuem a vida.
Quando é feito esse processo de remoção de uma espécie para dar lugar a inundação em geral os animais são levados para uma área que já é habitada pela espécie o que gera uma superpopulação temporária e um grande estresse para o ecossistema como um todo.
Pensando de forma positiva esses animais sobressalentes podem repor aqueles que foram caçados, porém, daí passamos a questão do controle dos caçadores para que não exterminem essa nova população também.
Aumento da Destruição da Floresta
Outro ponto que alarma os ambientalistas quando o assunto é o represamento na Amazônia é a possibilidade de que o desmatamento da floresta aumente consideravelmente. A partir do momento que o acesso a área que antes era inacessíveis se torna mais fácil (nas beiras das represas) é provável que mais pessoas cheguem mais longe na floresta promovendo a sua destruição.
A exploração da floresta nessas áreas precisa de um controle realmente efetivo, as providências precisam ser tomadas de forma adequada e eficiente. Ainda não foram pensados programas que tenham como objetivo fazer o resgate de reservatórios e áreas afetadas.
Estudos apontam que as represas da Amazônia serão construídas em locais que afetam de forma direta ou indireta grandes reservas biológicas e indígenas que exigem conservação. Porém, esse ponto pouco tem sido levado em conta na hora de planejar medidas de preservação.
Perdas de Monumentos Naturais
Quando começa a ser feito um projeto de uma represa é essencial considerar se a área a ser inundada não acabará sofrendo com a perda de belos monumentos naturais que sejam sem par para o mundo. Um exemplo disso é a hidrelétrica de Itaipu em Foz do Iguaçu, Paraná, que causou a inundação e destruição das Sete Quedas, uma das quedas d’água mais bonitas e sem igual do mundo.
Por enquanto ainda não há nenhum momento natural que seja considerada uma grande perda devido às hidrelétricas que estão em construção na Amazônia, mas é um fator a ser levado em conta.
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