O Que é Invasão Biológica?
As invasões biológicas representam um dos piores e mais graves problemas que o meio ambiente enfrenta atualmente. Basicamente se trata do estabelecimento de espécies vegetais ou animais, que tenham vindo de outro local, em ecossistemas que sejam naturais ou manejados pelo homem. Quando essas plantas se alastram pelo ambiente e passam a dominar o ecossistema tornam-se invasoras.
O grande problema é que o estabelecimento das espécies exóticas (aquelas que são de outros ecossistemas) pode destruir as outras espécies nativas. Nos casos mais graves pode acontecer a extinção das espécies nativas devido ao crescimento das espécies exóticas.
O Que é Invasão Biológica?
De Quem é a Culpa?
As invasões biológicas podem acontecer de forma natural, como no caso da migração maciça de mamíferos da América do Norte para a América do Sul. Porém, grande parte dessas invasões acontece tão somente pela ação do homem que de forma acidental ou proposital transporta espécies de um ecossistema para outro.
O perigo dessas espécies invasoras é que elas são bastante eficientes no que concerne a competição por recursos e assim acabam facilmente dominando as espécies nativas originais. Além disso, essas espécies têm uma grande capacidade de reprodução e dispersão.
De Quem é a Culpa?
As Invasões Biológicas No Cerrado
Caracterização Do Cerrado e Da Sua Biodiversidade
Quando estamos falando sobre “invasões biológicas” é importante saber mais sobre o contexto ecológico do local que se vai analisar. Nesse caso iremos nos aprofundar mais nesse problema no bioma do Cerrado. Esse bioma fica localizado no Planalto Central Brasileiro e tem influência do clima tropical úmido.
Os solos do cerrado se caracterizam por serem pobres quimicamente, inférteis, porém, com uma boa estrutura física. Devido a essas características e também ao relevo que é predominantemente plano ou suavemente ondulado é um ambiente favorável a pecuária intensiva e a agricultura mecanizada. Isso tem levado o cerrado a cada vez mais ser substituído por pastagens e culturas agrícolas.
No Cerrado é possível encontrar uma grande variedade de espécies vegetais e animais que ocorrem devido às condições do bioma. Estudos recentes apontam uma grande quantidade de espécies endêmicas (originais do local e existem somente nesse ambiente).
Pelo fato de hoje existir uma intensa substituição do cerrado por monoculturas e pastagens a biodiversidade do bioma está ameaçada. As espécies exóticas que se instalaram nesse ecossistema têm grande capacidade de reprodução e aos poucos estão extinguindo as espécies endêmicas.
As Espécies Invasoras Do Cerrado
Devido a sua característica natural favorável as pastagens o Cerrado foi sendo dominado pelas mesmas. Conforme o tempo foi passando além das espécies que já eram do bioma foram inseridas outras que se tornaram invasoras. Devemos destacar a década de 70, em especial, pois os cerrados passaram a receber um novo tipo de ocupação nesses anos.
Essa foi a década da silvicultura com espécies de Eucalyptus e Pinus. O relevo que favorece a mecanização e também a baixa fertilidade das terras do Cerrado foram muito importantes para que essa implantação acontecesse de forma mais extensiva.
Dentre as espécies invasoras do cerrado podemos destacar gramíneas de origem africana como Hyparrhenia rufa (capim jaraguá), Melinis minutiflora (capim gordura), Brachiaria spp. (braquiárias), Panicum maximum (capim colonião) entre outras.
As Vilãs Africanas: Gramíneas Invasoras
As invasoras mais agressivas do cerrado com certeza são as gramíneas africanas. O que facilitou o domínio dessa espécie foi o fato de que quando chegaram ao bioma cerrado encontram condições ecológicas bem parecidas com as dos habitats de origem, as savanas africanas. Esse ponto contribuiu e muito para a sua disseminação.
Além dessa semelhança climática (principalmente a temperatura e os regimes de chuva) há também os fatores da própria biologia das plantas, elas conseguem sobreviver muito bem em solos com menos nutrientes. Com tantas facilidades em pouco tempo essas gramíneas dominaram o cerrado.
Não bastasse essas gramíneas prejudicarem as populações de herbáceas nativas pela competição (podem chegar a causar extinções e perda de biodiversidade) essas gramíneas também impactam o ecossistema de forma geral causando a descaracterização das fisionomias e também modificando as estruturas do ambiente.
A Melhor Forma De Lidar Com As Invasões Biológicas
Existem algumas maneiras diferentes de se lidar com espécies invasoras. Uma primeira possibilidade é fazer o controle da espécie ou mesmo a sua erradicação. Porém, é importante destacar que em geral é bem complicado conseguir fazer a erradicação de uma espécie invasora.
O processo de erradicação exige tratamentos mais drásticos que podem acabar comprometendo as espécies nativas do local. O mais indicado é manter as espécies invasoras sob controle, mas não primando pela sua erradicação.
O controle dessas espécies pode ser feito em diferentes níveis, é possível fazer o manejo dessas populações e comunidades com o uso de técnicas mecânicas, biológicas ou químicas que sejam desfavoráveis as espécies invasoras ou então que sejam favoráveis as espécies nativas.
Também é possível controlar as espécies invasoras através do manejo de habitats, isso inclui esforços para a recuperação de um habitat afetado. Ainda é possível contar com estratégias preventivas ou remediadoras.
Técnicas De Controle De Espécies Invasoras
Quando o assunto são as técnicas utilizadas para fazer o controle das espécies invasoras infelizmente não existem muitos experimentos que indiquem soluções práticas. Um dos principais empecilhos para que se busquem soluções reais está no fato de que algumas das espécies invasoras, como, por exemplo, a de gramíneas forrageiras é bastante lucrativa economicamente.
Dessa forma a maior parte dos estudos dessas espécies de gramíneas africanas realizados no Brasil teve o enfoque em aumentar a produtividade ao invés de eliminá-la. Podemos destacar dentre as técnicas de controle das espécies invasoras as opções mecânicas como o arranquio, o sombreamento, a queima e o corte raso.
Essas técnicas se mostram boas opções, porém para situações diferentes. O arranquio manual ou mecanizado, por exemplo, apresenta a desvantagem de revolver o solo, para maior parte dessas espécies isso ajuda ainda mais a disseminá-las. Porém, quando os focos são pequenos e isolados essas técnicas podem ser usadas desde que se tome o cuidado de exercer perturbações mínimas.
Quando a opção é o corte raso o objetivo é retirar dessas plantas os nutrientes e assim causar o seu enfraquecimento. O sombreamento também aposta no enfraquecimento e morte das gramíneas invasoras. O fogo é uma alternativa de controle de plantas exóticas que pode reduzir o seu vigor, principalmente quando realizado durante o período de floração.
