As florestas cobrem cerca de 30% da área total do planeta, um pedaço relativamente pequeno. Porém, ainda assim são responsáveis por abrigar 80% da biodiversidade terrestre mundial. Além de serem muito importantes para a biodiversidade as florestas também tem a sua importância para a sobrevivência dos seres humanos.
Estudos apontam que cerca de 1,6 bilhão de pessoas dependem diretamente das florestas para garantir a sua renda. Além disso, ainda temos que destacar que várias necessidades básicas do homem são satisfeitas através da interação entre as espécies de plantas e animais com os ecossistemas.
Por exemplo, as safras agrícolas dependem da polinização, os remédios são feitos a partir de ativos encontrados em plantas, o ar é purificado pelas árvores entre tantas outras coisas.
As Ameaças
Porém, mesmo tendo tanta importância para a sobrevivência do homem as florestas são constantemente alvo da destruição. O ano de 2011 foi declarado pela ONU como sendo o Ano Internacional das Florestas como uma tentativa de fazer um alerta da necessidade de preservar e cuidar melhor desses ecossistemas.
Além de fazer a divulgação da importância da conservação das florestas para a sobrevivência do ser humano a ONU aproveitou para divulgar quais são as florestas mais ameaçadas no mundo.
Os Hotspots
O termo hotspot é utilizado para nomear uma área que esteja ameaçada. Para que fique mais claro para que uma área seja considerada um hotspot é necessário que ela tenha uma grande riqueza biológica, uma elevada quantidade de espécies únicas de plantas e animais e ainda deve estar bem degradada, correndo riso de desaparecer.
Um dado alarmante é que no que se refere a hotsposts florestais acredita-se que 90% ou mais da cobertura original da região foi removida.
As Florestas Mais Ameaçadas do Mundo
Regiões da Indo-Birmânia (Ásia-Pacífico)
Esse hotspot tem grande importância na conservação de espécies de tartarugas, peixes de água doce e aves. Para se ter uma ideia o Lago Tonle Sap e o Rio Mekong são os habitats da carpa dourada de Jullien (Probarbus jullieni) e também da lampreia gigante Mekong (Pangasianodon gigas).
O grande problema que a região enfrenta é o aumento das áreas destruídas para o cultivo do arroz. Além disso, os rios foram represados para gerar eletricidade e isso resultou no alagamento de bancos de areia e outros habitats que geralmente seriam expostos numa estação mais seca.
Os impactos foram bem severos sobre ninhos de aves e algumas espécies de tartarugas. Dentre os principais impactos que a natureza sofreu nesses últimos tempos devemos destacar a pesca excessiva e o uso de técnicas de pesca destrutivas. Atualmente, apenas 5% do habitat original persiste.
Nova Zelândia (Oceania)
Muitas pessoas não sabem, mas a Nova Zelândia é originalmente um belo arquipélago montanhoso que era dominado por florestas temperadas e um lugar em que era possível encontrar uma grande variedade de paisagens e que continha índices incríveis de espécies endêmicas.
Uma curiosidade é que nenhum dos mamíferos ou répteis encontrados na Nova Zelândia é encontrado em qualquer outro lugar do mundo. Um dos principais problemas que esse hotspot enfrenta atualmente diz respeito a espécies invasoras que representam uma séria ameaça à flora e a fauna dessas ilhas.
Tudo começou com a chegada dos europeus ao arquipélago no século XIX, eles levaram para as lhas espécies exóticas de mamíferos como coelhos, cabras, gambás e furões. Além disso, também levaram diversas espécies de ervas daninhas do tipo invasoras. Isso somado ao impacto da caça e da destruição dos habitats nos últimos séculos gerou uma situação de extinção de várias espécies de aves, plantas e invertebrados.
Além desses problemas devemos citar a drenagem dos pântanos que se tornou uma grande dor de cabeça para a Nova Zelândia. Atualmente apenas 5% do habitat original do arquipélago resistem.
Sunda (Indonésia, Malásia e Brunei – Ásia-Pacífico)
O hotspot de Sunda é com certeza um dos mais fascinantes do mundo, cobre a metade ocidental do arquipélago Indo-Malaio. Basicamente se trata de um arco com mais ou menos 17 mil ilhas equatoriais e que é dominado pelas duas maiores ilhas do planeta, Boréo e Sumatra.
Um paraíso que se destaca por ter uma fauna e uma flora espetaculares, porém, que está desaparecendo devido ao grande crescimento da indústria florestal e também do comércio internacional de animais que está reduzindo drasticamente a população de macacos, tigres e tartarugas (essas vendidas para serem usadas para fazer alimentos e remédios em outros países).
As populações de orangotangos estão bastante reduzidas e o alarmante é que grande parte dessas populações existe apenas nessa região. Um dos principais problemas que esse paraíso enfrenta é o consumo desenfreado das florestas para uso comercial. Os principais fatores de degradação desse hotspot é a produção de óleo de dendê, borracha e celulose.
Em Sumatra, particularmente, o grande problema está na extração ilegal da madeira entre outros produtos florestais. Atualmente, apenas 7% da extensão original da floresta está mais ou menos intactos.
Filipinas (Ásia-Pacífico)
Um dos países mais ricos em biodiversidade do mundo é as Filipinas, são mais de 7.100 ilhas localizadas nas fronteiras desse hotspot. Para se ter uma ideia várias espécies endêmicas estão confinadas em fragmentos de florestas que cobrem cerca de apenas 7% da extensão original desse hotspot.
Nas Filipinas é possível encontrar cerca de 6 mil espécies de plantas e inúmeras espécies de aves e anfíbios endêmicas. Porém, mesmo com tanto a oferecer as florestas das Filipinas estão entre as mais ameaçadas do mundo. Um dos principais problemas está na devastação gerada pela atividade madeireira.
Há ainda o crescimento da agricultura que vem comprometendo outras grandes áreas dessas florestas. Apenas 7% da cobertura original dessas florestas permanecem.
Mata Atlântica (América do Sul)
Estendendo-se por toda a costa atlântica brasileira, alongando-se por pedaços do Paraguai, Uruguai e Argentina encontramos a Mata Atlântica que ainda inclui algumas ilhas oceânicas e o belíssimo arquipélago de Fernando de Noronha.
Na Mata Atlântica encontramos cerca de 20 mil espécies de plantas, cerca de 40% delas são endêmicas. Porém, mesmo assim apenas 10% dessa floresta ainda permanece de pé. Tem mais de duas dúzias de espécies de vertebrados que estão ameaçadas de extinção na lista daqueles que se encontram “Criticamente em Perigo”.
Essa região está sendo desmatada há centenas de anos, tudo começou com o ciclo da cana-de-açúcar, seguindo as plantações de café e desembocando na busca de espaços da agricultura.