Os testes feitos em animais vêm causado desconforto na sociedade há muitos anos. Enquanto esses testes eram leves e feitos em pequenas escala, ainda podia se suportar o sacrifício de alguns poucos ratinhos e outros animais, mesmo porque eles proliferam com mais rapidez na natureza. Acontece que a necessidade de testes maiores, fez com que animais maiores fossem buscados também. Então esse assunto passou a ser discutido e motivo de algumas pequenas revoltas ao redor do mundo.
Recentemente aqui no Brasil nós presenciamos a pequena guerra entre algumas pessoas envolvidas com a sociedade de proteção aos animais e o instituto Royal, que recebeu diversas denuncias para que seus testes em beagles fossem suspensos. Na época diversas discussões em fóruns online foram feitas onde um grupo era a favor de tal ato e outros contra. Não chegou-se afinal em um consenso, mas o instituto foi invadido e teve que liberar os pequenos cachorrinhos. E você, o que sabe sobre como esses testes são feitos? Quem defende os testes garante que a falta de informação é que leva as pessoas a levantarem a bandeira do contra.
Então para que não existam mais dúvidas e para que você possa discutir o assunto com embasamento, vamos explicar como esses testes são feitos e onde eles acontecem, assim como para que eles acontecem.
Porque são Feitos Testes em Animais
Você na certa já deve ter feito essa pergunta algumas vezes. A nossa tecnologia anda tão avançada e ainda não inventaram de uma forma de testar medicamentos e outros produtos em animais. Acontece que os testes em animais são totalmente controlados por órgãos do governo e existe sim um limite para que eles sejam feitos. Nenhum instituto responsável por pesquisas pode realizar testes sem a legitimidade para tal mesmo ela sendo altamente discutida nos dias atuais.
De acordo com pesquisadores e cientistas, esses testes são feitos porque se faz necessária a experiência em um animal porque somente eles possuem o organismo mais próximo dos seres humanos e também não é qualquer espécie que tais experiências podem ser feitas. Para qualquer governo, os testes podem ser feitos desde que não haja nenhum tipo de massacre ou maus tratos e todos os animais precisam estar dentro das espécies sem ameaça de extinção na natureza.
Caso Talidomida
Este é um exemplo usado por muitas pessoas que são contra esse tipo de teste, porque segundo eles os efeitos não podem ser os mesmos em humanos, o que se faz necessária a criação de novos métodos além dos utilizados em animais. A talidomida é um composto muito forte que chegou ao mercado no ano de 1957. Nesta época, diversos testes na Alemanha foram feitos utilizando roedores e todos eles responderam muito bem à substância.
Esta por sua vez, era um sedativo e hipnótico que até então era dado como um medicamento com poucos efeitos colaterais. Sendo assim, médicos ao redor do mundo inteiro passaram a prescrever tal substância como medicamento preventivo para enjoos em grávidas. Quando chegou aos Estados Unidos, novos testes foram realizados e dessa vez coelhos foram utilizados. O resultado foi extremamente assustador e pode-se comprovar que algumas queixas sobre os possíveis efeitos do remédio eram reais.
Isso se deu porque o controle com testes em animais não tinha tanta rigidez nem controle e produtos acabam chegando ao mercado sem muito conhecimento sobre. Hoje já existe um controle maior e a divisão de testes é feita de acordo com a potência buscada para cada medicamento. Muitas vezes um mesmo composto é testado em roedores, coelhos e cachorros para saber que diferentes reações podem acontecer.
Dá Para Fazer Testes sem Crueldade?
Segundo os cientistas ingleses William Russel e Rex Burch, em um artigo publicado em 1959, dá sim. Qualquer laboratório pode realizar testes em animais sem a necessidade de existir crueldade para/com esses bichinhos. Para esses dois cientistas, se todos os laboratórios e institutos aplicarem a regra dos “3 R’s” da experimentação animal, não haveria tanta polêmica sobre o assunto. Mas afinal, o que são esses 3 R’s?
“Redução, Refinamento e Replacement (substituição)”.
O estudo feito por William e Rex apontam que os experimentos podem seguir tais normas e o resultado será amplamente satisfatório. O primeiro R, a redução, implica na melhor projeção de cada teste antes de ser aplicado para evitar que eles sejam refeitos e dessa forma, poupam mais os animais. O grande problema nesse ponto é que eles são geralmente planejados em tempo recorde devido a busca no mercado e com isso dão errado na maioria das vezes.
O segundo R, o refinamento, fala do tratamento adequado que poderia ser dado a cada animal. Não existe em alguns casos, a preocupação se tais bichinhos que estão em testes sentem dor ou medo e muitas vezes, essas sensações podem interferir muito no resultado da substância testada. Então o segundo ponto pedia um planejamento eficiente para que os animais recebessem o teste não como um sacrifício de sua vida.
O terceiro R, de replacemente que quer dizer substituição em inglês, se refere a substituição do animal em testes laboratoriais sempre que houvesse essa necessidade. Com o avanço da nossa tecnologia não é tão incomum descobrir resultados a partir de programas de computadores que mostram todas as reações químicas de substâncias testadas. Com isso poderia ser evitado uma quantidade imensa de testes em animais. Em outros casos os animais também poderiam ser substituídos por plantas, parasitas ou qualquer micro organismo compatível.
Polêmica Instituto Royal
Uma verdadeira confusão envolveu o Instituto Royal e os ativistas que eram totalmente contra testes com animais aconteceu em outubro de 2013 e virou noticia no Brasil inteiro. Eles invadiram o local onde eram feitos testes em beagles e resgataram 178 cachorros na intenção de combater os maus tratos que eram cometidos e já haviam sido denunciados. Os animais eram usados em testes para medicamentos, mas apesar de ser regularizado, recebeu denuncias de não seguir os protocolos do Ministério de Ciência e Tecnologia.
O Instituto Royal afirmou em nota e entrevistas que todos os testes realizados estavam dentro dos parâmetros exigidos por lei, mas não conseguiram manter as suas portas abertas e encerraram as atividades no final do mesmo ano.
Por Camila Freitas