Nos últimos tempos a humanidade tem enfrentado problemas como o aquecimento global, secas prolongadas, furacões, inundações, entre vários outros problemas. Quando se passa por um momento de dificuldade é natural que se busque uma explicação para tal e sob a ótica de muitas pessoas o grande problema está nos nossos hábitos alimentares.
No ano de 2006 um relatório da ONU chegou a conclusão de que a pecuária mundial gera em torno de 20% das emissões de gases do efeito estufa enquanto que os automóveis, trens, aviões e barcos juntos seriam responsáveis por apenas 13% da emissão de gases que são responsáveis pelo aquecimento global.
A Flatulência das Vacas
Por mais estranho que pareça um dos principais agravantes do problema do aquecimento global é o gás metano eliminado na flatulência das vacas, o efeito térmico pode chegar a cerca de 23 vezes mais alto que o gás carbônico. Essa situação é alarmante, pois devemos considerar que cada animal chega a expulsar um total de até 200 litros de metano por dia.
Há também as fezes do gado que geram óxido nitroso que tem um efeito térmico de cerca de 300 vezes maior que o das emissões de CO2.
O Desmatamento
Além do problema com a flatulência e com as fezes do gado há ainda a questão do desmatamento que é feito para que seja possível a criação dos animais. A pecuária ocupa cerca de 1/3 de toda a terra do continente da América Latina.
Para se ter uma ideia FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) estima que cerca de 70% da vegetação foi transformada em pastagens e isso tem contribuído de forma significativa para o aquecimento global uma vez que as árvores absorvem CO2 para fazer a fotossíntese.
No ano de 2009 a produção mundial de carne foi estimada em cerca de 280 milhões de toneladas e acredita-se que esse volume pode duplicar até o ano de 2050. O aumento da industrialização implica diretamente no aumento proporcional do consumo mundial de carne.
Pesquisas apontam que a média de consumo per capta no mundo industrializado é de 80 kg/ano enquanto que nos países em desenvolvimento esse consumo cai para cerca de apenas 30 kg/ano.
O Gado no Brasil
Em nosso país cerca de 44% da produção agrícola é destinada para o consumo dos animais que depois de transformados em alimento são consumidos por uma pequena parcela da população. Grande parte da população não tem poder aquisitivo para comprar carne.
Desse dado podemos concluir facilmente que um número maior de pessoas poderia ter acesso a uma alimentação vegetariana de qualidade se a população que tem poder aquisitivo mais alto reduzisse o seu consumo de carne. Nos Estados Unidos a terra que é destinada para a produção de alimento para o gado é de 64% enquanto que apenas 2% tem o destino para a produção de vegetais para o consumo de seres humanos.
O Impacto das Fronteiras Agrícolas
Outro impacto negativo que pode ser observado é aquele que acontece da expansão das fronteiras agrícolas com destaque para o Amazonas e em biomas como o Pantanal e o Cerrado para o plantio de soja que é usada para a produção de ração para o gado.
A produção de soja no Amazonas crescer 425% nos últimos anos e isso resulta num aumento de focos de calor na região uma vez que a produção está diretamente ligada aos índices altíssimos de desmatamento na área.
Esse quadro pode ficar ainda grave se atentarmos para a questão crítica de introduzir uma espécie nova num ecossistema. Nesse caso podemos exemplificar através da soja que é uma espécie invasora que apresenta uma vantagem competitiva em relação as nativas pelo fato de não ter inimigos naturais.
Dessa forma a espécie exógena tem mais chances de sobreviver que as plantas nativas e geram maior número de descendentes sendo a grande vencedora da competição, isso resulta no desaparecimento das plantas nativas.
Isso acaba resultando na desregulação do ciclo hidrológico, do C e do N entre outros. Ainda devemos citar o desequilíbrio do controle biológico natural, pois as cadeias alimentares acabam sofrendo alterações.
Impacto no Solo
O solo também é bastante impactado pela pecuária intensiva, acontece a deterioração das condições físicas do solo. O constante pisoteio do gado acaba provocando a compactação do solo e isso implica na redução da capacidade de infiltração da água no solo e no aumento da susceptibilidade à erosão.
A pastagem ainda provoca a diminuição do teor de N, P e outros micronutrientes vegetais como S, Zn, Mn e B. Dessa forma a junção do desmatamento com o uso intensivo da terra causa o fenômeno conhecido como desertificação, ou seja, o empobrecimento dos ecossistemas áridos, semiáridos e subáridos pelas atividades humanas.
As Regiões Mais Impactadas Pela Produção de Carne
As regiões do mundo que são mais afetadas pela desertificação são aquelas produtoras de gado como a América Central e do Sul, Oeste Americano, África subsaariana e Austrália. No âmbito global tem-se uma área anual de 21 milhões de hectares que se torna improdutiva pela desertificação.
A Água
Outro aspecto que mostra importante de avaliar quando o assunto é estimar os impactos ambientais da produção de carne é o uso da água. Podemos incluir nessa conta a água usada para a irrigação das lavouras, a água que é ingerida pelos animais e utilizada pela indústria.
Somente para efeito de comparação saiba que enquanto 39 litros de água são gastos para produzir um quilo de tomates, 2.794 litros são utilizados para a produzir meio quilo de carne suína e até 20.700 litros são destinados para a mesma produção de carne bovina.
Sendo assim não é difícil compreender que a pecuária intensiva contribui de forma bastante intensa para a escassez de água em certas áreas do planeta. Ainda existe a questão da poluição das águas, pois a explosão da população de animais de corte resulta numa explosão paralela de resíduos animais. Um rebanho de 10.000 cabeças gera uma quantidade de resíduos sólidos que é equivalente aos excrementos produzidos por uma cidade com 110.000 habitantes.
Ao longo desse texto explicamos quais são alguns dos principais impactos ambientais que são causados pela produção de carne.