Antártida
O continente Antártico é todo formado por gelo e têm características singulares. Essa região possui cerca de 10% das terras emersas do planeta. O coração da Antártida é formado por um grande planalto de gelo, assim, apresenta altitudes que vão de 1500 a 4000 metros acima do nível do mar. “Essa região corresponde a uma área de calota polar. Ocupando um território com tamanho semelhante ao do Brasil, é considerado o maior dos desertos, isso porque apresenta as condições mais adversas para manutenção e proliferação da vida”.
A menor temperatura do planeta foi registrada exatamente no coração da Antártida, em Vostok, base russa, onde chegou a -89,2ºC. Além disso, é nessa região que tem a escuridão da noite polar que vai de 4 a 6 meses. E a ocorrência de ventos constantes que acontece lá, provoca uma série de erosões no gelo.
Apesar da Antártida, mostrar ser um lugar bem úmido, essa umidade do ar é bastante semelhante às que predominam nos desertos de areia, devido a ocorrência de precipitação de neves ser rara, e quando acontece esse fenômeno, a neve se compacta muito rápido, tornando-se blocos de gelo. ”Uma grande parcela da calota de gelo se sedimenta em áreas mais profundas do continente e determinadas montanhas afloram na superfície, já em outros lugares, o gelo se acomoda abaixo do mar”.
Degelo Na Antártida
Um grupo internacional de cientistas realizou um trabalho onde mostraram que as correntes oceânicas quentes são a principal causa e dominante no recente processo de derretimento das plataformas de gelo na Antártida. Esse resultado foi dado com base em medições realizadas pelo satélite ICESat, da Nasa.
“Já se sabia que tanto atividades marítimas quanto atmosférica são as principais responsáveis pelo derretimento do gelo: correntes oceânicas quentes causam derretimento embaixo das plataformas e o ar quente, originado pelo verão, provoca derretimento na parte superior das placas de gelo. O objetivo desse novo estudo era verificar quanto desse derretimento era provocado por correntes quentes do oceano”.
Plataformas De Gelo
“São placas espessas de gelo, alimentadas por glaciares, que flutuam no oceano da Antártida”.
Estudos
Com o simples objetivo de estudar o tamanho da influência que as correntes quentes possui neste processo, os pesquisadores decidiram usar modelos computacionais para assim separar a influência das correntes de outros fatores dos quais provocam também mudanças na altura das glaciares e plataformas, como o acúmulo natural de nenê e a elevação das maré que compacta o tamanho das geleiras.
Com base nesses cálculos, os pesquisadores tiraram a conclusão que em 20 das 54 plataformas de gelo estudadas, o derretimento é causado pelas correntes quentes vindas do oceano.
“A maioria delas estão localizadas na Antártida Ocidental. Nós podemos perder uma grande quantidade de gelo peara o mar sem ter havido aquecimento de verão suficiente para fazer a neve do topo dos glaciares derreterem, declarou Hamish Pritchard da British Antarctic Survey, o autor principal do estudo. Todo esse movimento pode estar acontecendo debaixo do oceano”.
O grupo usou, para mapear quase todas as plataformas de gelos nos arredores da Antártida a mudança da espessura, uma série de 4,5 milhões de medições da altura da superfície das plataformas elaboradas a partir de um instrumento de laser do ICESat, entre o mês de outubro de 2003 ate outubro de 2008. Eles mediram o quanto, ao longo desse período, a altura da plataforma de gelo foi alterada.
“Esse estudo demonstra a importância de fazer cálculos de altura usando lasers posicionados no espaço para entender os processos da Terra, declarou o cientista da Nasa, Tom Wagner. Se juntarmos dados de outras pesquisa da Nasa, nós vamos ter uma visão mais compreensiva sobre como as mudanças sofridas por essas plataformas provocam o aumento do nível do oceano”.
Após um mês do maior derretimento de gelo ocorrido no Ártico, o NSIDC – Centro Nacional de Informações de Neve e Gelo dos Estados Unidos, liberou dados que comprovam que a cobertura congelada na região da Antártica passou o recorde comparado aos anos anteriores.
“Segundo o NSIDC, o congelamentos nos mares e arredores da Antártica atingiu 19,44 milhões de km2 em 2012, mais do que o último recorde, de 19,39 milhões de km2 no ano de 2006. Cientistas afirmam que a extensão máxima de gelo na Antártica varia muito de ano a ano, porem dizem ter identificado uma tendência de crescimento de 0,9% no congelamento a cada década”.
Segundo informações divulgadas pela agencia espacial americana Nasa, o recorde de congelamento foi registrado em setembro de 2012. Os cientistas calcularam uma aumento anual de gelo na Antártica aproximadamente de 17,1 mil km2 entre 1979 e 2010.
ICESat 2
O ICESat foi o primeiro satélite desenhado para especialmente medir com o uso do laser, a altura das regiões polares da Terra. Ele esteve em trabalho de 2003 a 2009 e o ICESat 2 é o eu sucessor, o qual tem lançamento previsto para 2016.
“Esse estudo demonstra a necessidade urgente do ICESat 2 ir pro espaço, declarou o cientista do projeto ICETSat, Jay Zwally. Nós temos informações limitadas sobre as alterações sofridas pelas regiões polares causadas pela mudança climática. Nenhum instrumento pode fazer mensurações tão objetivas como esse satélite”. A análise feita para medir o derretimento na bale de glaciares e plataformas, levou em conta a influência das mudanças do vento.
“Os estudos mostram que os ventos da Antártida foram alterados devido às mudanças climáticas, disse Pritchard. Isso afetou a direção e o comprimento das correntes oceânicas. Como consequência, a água quente fica afunilada debaixo do gelo flutuante. Esses resultados sugerem que os glaciares da Antártica estão respondendo rapidamente à mudança climática”.
Entendendo Melhor
“A quantidade de gelo ao redor da Antártica está no seu maior nível desde que os satélites começaram a monitorá-lo há quase 30 anos. É simplesmente frio demais para chover na Antártica e isso vai continuar assim por muito tempo. O fato é que há mais gelo do que nunca ao redor da Antártica”.
A Antártica como um todo esta perdendo gelo continental, enquanto o interior da Antártica Oriental está ganhando gelo continental. “O gelo oceânico antártico está aumentando apesar do Oceano Antártico estar se aquecendo intensamente”.
“É importante distinguir o gelo continental e o gelo oceânico antártico, que são dois fenômenos separados. Resumindo, o gelo antártico oceânico esta aumentando, apesar do aquecimento do Oceano Antártico, e o gelo antártico continental, esta diminuindo cada vez mais rápido”.