A clonagem ainda é um tema que gera bastante polêmica e controvérsia, no entanto, está sendo cogitada como uma alternativa para salvar as espécies ameaçadas. Muitas pesquisas vêm sendo realizadas em todo o mundo inclusive no Brasil tentando fazer da clonagem a solução para evitar que mais de 20 mil espécies ameaçadas desapareçam.
Apesar de tamanho esforço os especialistas ainda não veem a clonagem como a melhor opção de processo reprodutivo. Em relação a isso ainda existem algumas discussões e um certo consenso entre os pesquisadores de que não será possível recuperar e salvar todas as espécies ameaçadas. Além disso, a clonagem representa uma alternativa para os casos das espécies que se encontram numa situação limite.
Processo Complicado
Não há dúvidas que a ciência avançou muito nos últimos anos, no entanto, a clonagem ainda é um processo bastante complexo que oferece resultados que nem sempre são satisfatórios. Para que se faça uma clonagem com sucesso é necessário ter o DNA do animal que se replicar além de um óvulo que seja adequado para receber o embrião. Também é importante que haja um receptor para fazer a gestação desse clone.
Existe casos em que se mostra necessário ter diversos embriões e gestações para que se possa produzir um clone. Um ponto que pesa bastante é que a expectativa de vida dos clones ainda é baixa, basicamente eles vivem menos do que os animais que não são clones.
Dificuldades de Reprodução
Os clones também apresentam dificuldades e deficiências para se reproduzir. Como eles têm dificuldades para se reproduzir a clonagem deixa de ser uma alternativa interessante para salvar espécies ameaçadas. Não adianta clonar esses animais se eles não irão cumprir o seu papel que é de se reproduzir e perpetuar a espécie.
Proteção do Meio Ambiente
Outra questão aventada contra a clonagem é de que ela não pode contribuir em nada para impedir que haja a destruição dos habitats naturais pela ação do homem. Os defensores das espécies ameaçadas defendem que é necessário proteger as espécies e também o seu habitat natural. Não adianta ter indivíduos de uma espécie se eles não tem o ambiente adequado para se reproduzir.
Os conservacionistas alertam que proteger as espécies não significa que o animal sobreviva de qualquer forma num zoológico por meio de um clone e sim no seu habitat natural, dentro do seu ecossistema. Os esforços precisam ser direcionados nesse sentido, as outras medidas são vistas como paliativas que garantem o sucesso nesse momento, mas não a longo prazo.
Preservação e Não Reposição
Quem é contra a clonagem como solução para as espécies ameaçadas alega que é necessário preservar os animais que estão aqui nesse momento e não tentar fazer uma reposição com indivíduos clonados que nem tem muitas chances de sobreviver a longo prazo e se reproduzir. Além disso, o fato de pensar em produzir os clones para o zoológico é outra coisa que desagrada os conservacionistas.
Experiências Pelo Mundo
Todo mundo lembra da primeira experiência de clonagem com animais realizada em 1997 com a ovelha Dolly na Escócia. Foi a partir do anúncio dessa experiência que os cientistas passaram a considerar a clonagem como uma alternativa para salvar as espécies que se encontram ameaçadas de extinção.
No ano de 2001 foi realizada a primeira tentativa de clonagem de um animal ameaçado de extinção nos Estados Unidos. Foi realizada a clonagem de um gauro, porém, o espécime faleceu apenas dois dias depois do seu nascimento. Já em 2009 foi realizada a clonagem de um animal extinto, o íbex-dos-pireneus. O último indivíduo silvestre dessa espécie morreu em 2000. Infelizmente o clone faleceu apenas alguns minutos depois de nascer.
Clone de Mamute
O Japão e a Coréia do Sul foram mais longe e desenvolveram projetos para clonar um mamute, uma espécie que foi extinta há aproximadamente 10 mil anos. Esses experimentos são interessantes do ponto de vista científico, no entanto, ainda são restritas as possibilidades genéticas e as técnicas que se tem.
Os críticos desses projetos aventam que todos esses recursos financeiros e de conhecimento podiam ser empregados para melhorar a vida dos animais que ainda estão no planeta para evitar que sejam extintos.
O Brasil e a Clonagem de Animais
O Brasil tem o seu projeto de clonagem de animais desenvolvido pela Embrapa. Trata-se de um projeto que tem como foco os animais da fauna brasileira. Num primeiro momento os cientistas focaram em comprar os equipamentos necessários para fazer as experiências de clonagem através da análise de quais animais entrariam para essa lista.
Dentre os animais que podem entrar para a lista dos clonados estão o lobo-guará, o cachorro-vinagre, gato-palheiro e o bisão-europeu. A possibilidade de sucesso no processo de clonagem tem grande ligação com o conhecimento que os pesquisadores do projeto tem a respeito da fisiologia reprodutiva das espécies clonadas. A segunda etapa do projeto da Embrapa é justamente conhecer melhor sobre a fisiologia dos animais.
Sem Datas
Como se trata de um projeto audacioso e de grande complexidade não tem data fixada para que o projeto chegue na fase da primeira tentativa de clonagem. O projeto tem ainda outro foco que é o de testar novas drogas experimentais no processo de transferência nuclear e também a pesquisa de clonagem interespécies entre um espécime bovino e um bisão.
Clonagem Interespécies
A ideia dessa clonagem interespécies surgiu pelo fato de que o bisão e os bovinos possuem a fisiologia reprodutiva bem próxima. Basicamente os cientistas pensam em clonar um bisão a partir de um ovócito e usar uma receptora bovina. Trata-se de um processo relativamente caro, contudo, que tem validade para os zoológicos. Assim se poderia resolver a questão de animais que são raros, eles poderia estar no zoo sem serem retirados do seu habitat.
A clonagem de bovinos tem um custo em torno de R$ 30 mil reais atualmente. Trata-se de uma boa ideia, mas que necessita ser amadurecida e ter dinheiro suficiente para que seja levada adiante. Somente com investimento e muito estudo será possível chegar a bons resultados.