Cemitérios de Corais

Já reparou que temos a tendência a ter certas convicções, mesmo sem nenhum tipo de pesquisa ou leitura antes sobre determinado assunto? São certezas que nem mesmo nós sabemos de onde elas vieram. Por exemplo, ninguém questiona que se é deserto é seco, que as ostras possuem casca grossa e que quando falamos de recifes de corais estamos falando de algo colorido.

Cemitérios de Corais

Cemitérios de Corais

Poderia ser tudo simples e objetivo dessa forma, se o mundo não estivesse vivendo um período de grandes e podemos dizer, graves mudanças do clima. Sendo assim, nem tudo o que era certeza absoluta continuará sendo e claro, também existem as “certezas” que fazem parte da nossa falta de conhecimento mesmo, como o caso dos desertos secos. A prova disso é que o oceano sempre foi “dono” dos seus desertos. O maior deles é o Pacífico Sul, no total, em alto-mar, temos 5.

Ainda falando de deserto, o mundo vai mudando pela falta de água e em consequência vamos “ganhando” mais desertos. Segundo pesquisas alarmantes, daqui a 10 anos, 6,6 mihões de quilômetros quadrados virarão deserto da área produtiva dos mares.

Não é preciso nem perguntar de quem é a culpa pelas mudanças, porque é óbvio que somos nós, com um comportamento equivocado diante do uso dos recursos do meio ambiente. O efeito estufa é um grande responsável. A água do mar está ficando mais quente com o passar do tempo, por causa desse fenômeno.

Falando sobre a água do mar, um processo natural seria que as águas profundas, ricas em nutrientes e frias chegassem até a superfície, porém, esse processo natural está diminuindo. Isso porque a água do mar da superfície estando cada dia mais quente está ficando difícil para as águas profundas se misturarem a ela. O resultado da interferência nesse fenômeno natural é a falta de suprimento de nutrientes que deveriam chegar até a superfície das águas.

A Grande Barreira de Corais Australiana

Estamos falando de todas essas implicações com o mar e os problemas com a varição do clima para chegar até os corais. Uma das piores notícias está relacionada a Grande Barreira de Corais localizada na Austrália.

Conhecida pela sua beleza e presença de tartarugas marinhas e peixes e seu colorido, o que se vem observando é que ela está ficando na cor branca, pálida. O pior é que isso não está acontecendo só nessa barreira de corais, mas em todas as outras que existem e isso tudo é consequência do mar que está ficando com a sua água mais aquecida.

A água mais quente prejudica os corais, eles se contraem e as algas começam a passar por um processo como se tivessem sendo sufocadas, assim, elas sofrem uma simbiose na parte interna e alteram alimento e cor. Para fazer com que os corais as libertem, elas liberam toxinas e por conta disso eles ficam doentes e por isso, a cor pálida, branca.

Esse desequilíbrio nos oceanos vai aumentando na medida em que a água permanece quente até fazer com que os corais morram. Quando falamos em cemitério de corais estamos fazendo referência a esses que viveram esse processo e acabaram não resistindo.

Outros Problemas Causados Pela Água Quente

Os problemas desencadeados pelo aquecimento da água não termina aqui, ele ainda pode causar problemas de perda da concha para caranguejos, ostras e mexilhões. Se não os fazem perder por completo a concha, as deixam, como mínimo, quebradiças.

De tudo aquilo que lançamos na atmosfera, boa parte vai para o oceano, entre 30% a 50%, formando ácido carbônico quando em contato com a água, tornando os mares cada vez mais ácidos. Sendo assim, hoje, boa parte dos mares tem 0,1 unidade a menos de pH e a previsão é que vá diminuindo ainda mais com o passar dos anos.

Outro problema para os seres que vivem no mar, a água ácida e a diminuição do pH faz com que mexilhões, ostras e mariscos acabem com suas conchas danificadas, fragilizadas.

Além disso, se observa um desequilíbrio nas cadeias alimentares de toda população marinha por conta do plâncton calcário. E não para por aí os danos, o ácido ainda “rouba” os carbonatos da água, que são essenciais para calcificar o esqueleto dos corais, que mais uma vez saem prejudicados.

Recifes De Corais x Emissão De Carbono Na Atmosfera

Como dá para perceber quem mais sofre com o excesso de gás carbônico que chega até a atmosfera são os recifes de corais. Eles são considerado os mais vulneráveis e um grande desafio para os cientistas de uma forma de reverter a situação.

Não nos damos conta da importância dos corais para o mar, comparando, eles são tão importantes quanto as florestas tropicais para a terra. As florestas cuidam de substâncias que podem curar muitas doenças, quantos remédios só podem ser produzidos graças ao que a natureza nos oferece. O mesmo acontece no mar. São nas esponjas do mar que foram encontradas substâncias que ajudam a fabricar fórmulas como o AZT, usado no combate contra o vírus da Aids e outra contra herpes.

Neste caso, podemos perder o que ainda nem tivemos a chance de explorar. Para se ter uma ideia, 55% da cobertura viva de corais do Caribe já foi perdida. No mundo, os corais diminuíram entre um e dois terços, alertam os ecologistas.

Devemos Lutar Pela Proteção Do Oceano

Infelizmente, a importância dos oceanos ainda não é reconhecida como se deve e por conta disso, não damos o devido valor e os respeitamos como deveríamos.

A verdade é que o homem está desequilibrando o ecossistema e quem sofrerá com as consequências somos nós mesmos. Do outro lado os cientistas lutam para descobrir como reverter todo o estrago que foi feito até hoje, salvar os corais que estão perdendo a cor, para que tenhamos menos cemitérios de corais.

Alguns casos parecem perdidos, como no Grand Banks, que fica ao leste do Canadá, apesar das tentativas não estão conseguindo regenerar a população marítima. Até mesmo a pesca comercial foi proibida no lugar. Sem falar na quantidade de plástico que os animais marinhos estão ingerindo. Um dos lugares que o problema é mais grave é na cidade americana de São Francisco.

Conhecendo ou não, esse mundo marítimo que parece invisível porque está longe do alcance dos nossos olhos, temos que salvá-lo, antes que seja tarde demais.

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Categoria(s) do artigo:
Natureza

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