Não é raro que ouçamos estas duas expressões “reciclagem” e “coleta seletiva do lixo” em conjunto – muitas vezes, a impressão que temos é que uma depende da outra, e que elas são praticamente irmãs siamesas, impossível de serem separadas. Mas, na verdade, na prática as atividades de reciclagem e de coleta seletiva nem sempre andam tão juntas quanto deveriam.
O ato de realizar a coleta seletiva do lixo é uma ação que deve partir da sociedade como um todo – a separação caseira de vidros, plástico, metal, papel, lixo orgânico é de obrigação de cada cidadão, e que pode – e deve! – ser incentivada pelo Estado e pela cidade em que cada indivíduo mora. No entanto, não há, no Brasil, nenhuma lei que obrigue o cidadão a praticar este ato de ajuda ao meio ambiente.
Já a reciclagem é o ato de reutilizar integralmente um material que já não serve mais a seu uso primário, reaproveitando-o de maneira completa, seja na fabricação de novos produtos, ou então na composição do mesmo tipo de produto, depois de tratamento: como garrafas PET ou latinhas de alumínio, respectivamente.
A união da reciclagem com a coleta seletiva significaria um processo de reciclagem mais ágil e prático e depósitos de lixo mais limpos e organizados. O fato de que a população não separa, por hábito comum o lixo que produz, gera a demora em um processo de reciclagem que poderia ser muito mais ágil: ao invés de a reciclagem começar no processamento dos materiais a serem reciclados, ela deve começar pela separação dos materiais – não apenas entre si, mas também a sua separação do lixo orgânico, por exemplo, uma tarefa nada agradável, e um hábito que, muitas vezes, inutiliza o material para a reciclagem.
No entanto, há outro lado para o hábito da população em não separar seu lixo: os catadores de lixo, e os separados de lixo – pessoas cuja principal renda vem exatamente deste trabalho indesejável de separar os lixos de outros cidadãos e torná-los aptos para o processo final de reciclagem. A separação deve, sempre, acontecer antes do processo de reciclagem ter seu início, e o ato de separar os tipos de lixo tornou-se um sub-negócio, que gera milhares de empregos, mas, que ainda assim, não é uma solução ideal para nenhum tipo de política de reciclagem vigente em nenhum país.
É um grande problema social, na verdade, a dissociação da reciclagem com a coleta seletiva – que parece não ter um fim próximo.