Cada vez os mercados financeiros têm investido mais na criação e desenvolvimento de reservas de combustíveis fósseis que não apresentam compatibilidade de segurança para com a realidade do meio ambiente atual. A chamada “bolha de carbono” pode desencadear uma nova crise econômica.
Pelo fato de não serem recursos e estruturas seguras provavelmente esses recursos nem venham a ser utilizados. A seguir vamos falar um pouco mais sobre como esses investimentos errôneos podem acarretar em problemas financeiros.
A Bolha De Carbono e a Bolha Da Economia
Muitos economistas e cientistas se juntaram para a realização de um estudo profundo a respeito da situação que está sendo conhecida como bolha de carbono. O estudo concluiu que o investimento de cerca de apenas 1% do PIB mundial poderia ajudar a evitar a perda de cerca de 20% desse mesmo PIB num período de cinco décadas.
O panorama observado pelos cientistas é o de que se fossem queimadas todas as reservas que existem de combustíveis fósseis no momento iríamos emitir uma quantidade de CO2 que seria o bastante para recriar no planeta o clima pré-histórico. Para os cientistas não se pode mais deixar que uma crise quase anunciada se concretize, os riscos estão evidentes e não se faz nada para evitá-los.
A Bolha De Carbono e a Bolha Da Economia
Como Se Chegou a Bolha De Carbono
De acordo com esses estudos a bolha de carbono é o resultado de uma valorização excessiva das reservas de carvão, petróleo e gás pelas empresas que atuam no segmento de combustíveis fósseis. Basicamente isso cria a perspectiva de que nos próximos 10 anos vejamos um investimento de mais de US$ 6 trilhões serem destinados a criação de fontes sujas que irão aumentar e muito a emissão de gases do efeito estufa.
O grande X da questão está no fato de que pelo menos dois terços das reservas não poderão ser usadas. Obviamente que essa previsão leva em conta os compromissos assumidos com as metas internacionais de limitação do aumento da temperatura média da Terra.
O limite estabelecido de aumento da temperatura é de até 2°C o que foi pensado para evitar que hajam efeitos perigosos para o planeta.
Como Se Chegou a Bolha De Carbono
Orçamento De Carbono
No ano de 2010 Governos de todo o mundo assinaram um acordo na cidade de Cáncun no México. O acordo consiste em diminuir as emissões para que se possa evitar um aumento da temperatura média do planeta. O objetivo disso é evitar que a temperatura seja elevada mais de 2°C acima da temperatura dos níveis pré-industriais.
Para estimar e controlar a quantidade de CO2 que pode ser emitida para atingir o objetivo foi criado o chamado orçamento de carbono. De acordo com esse orçamento para que o aquecimento fique realmente limitado a apenas 2°C é necessário que haja uma emissão que fique entre 565 a 886 bilhões de toneladas (Gt) de CO2 até o ano de 2050.
Porém, quando observamos as reservas que existem de combustíveis fósseis nos damos conta de que essa quantidade é apenas uma fração disso. Para se ter uma ideia as reservas desses combustíveis num nível mundial chegam a somar cerca de 2,860 Gtb CO2.
Investimentos Encalhados
De acordo com as estimativas de 2°C apenas 20% dessa quantidade de combustíveis fósseis poderá ser queimada até chegar ao ano de 2050. Isso acarreta em ativos de investimento parados. A crise financeira pode ser ainda pior se continuar o crescimento de investimentos na bolha de carbono.
Uma forma de reduzir os riscos para aqueles que estão investindo em carbono é criar opções que sejam menos intensivas do uso do carbono. Porém, a situação econômica não dá muito esperança uma vez que relatórios financeiros demonstram que as 20 maiores empresas do segmento de petróleo e gás passaram a fazer investimentos de ordem de mais de US$ 674 bilhões para encontrar novas reservas além da criação de novas tecnologias para explorar as mesmas.
A Crise Que Bate a Nossa Porta
A crise da bolha de carbono pode ser uma das maiores que o mundo já viu. O mercado de ações tem inflado cada vez mais investimentos em combustíveis fósseis que talvez nem possam ser usados. Os especialistas em economia apontam que os riscos dessa bolha econômica estourar está cada vez maior.
O que tem contribuído e muito para que a crise chegue cada vez mais perto é o fato de que os investidores não estão sabendo como lidar com um risco real que já á palpável e muitos fecham os olhos diante da realidade. Em suma podemos definir que a bolha de carbono é o excesso de valorização das reservas de carvão, gás e petróleo que pode não dar em nada num futuro bem próximo.
Crise Econômica Ou Crise Ambiental?
Já é certo que para que os Governos possam cumprir as suas metas de emissão de carbono afim de evitar as mudanças climáticas consideradas perigosas deverão manter pelo menos dois terços das reservas de combustíveis fósseis sob o solo. Isso significa que as reservas não poderão ser queimadas e ainda serão inúteis, não darão lucros.
Além de não dar lucros gerarão perdas financeiras históricas que podem acarretar na quebra de mercados. É quase como se estivesse sendo proposto para o mundo escolher entre uma crise econômica e uma crise ambiental. Conforme o planeta vai combatendo o aquecimento global e com isso reduzindo as emissões de gases fósseis também vai desvalorizando o valor dos ativos de petróleo, gás e carvão.
Terceira Via
Não é necessário que seja proposto ou isso ou aquilo nessa situação, porém, parece que as empresas do segmento de combustíveis fósseis e os Governos não tem observado a terceira via. Os investimentos pesados não devem ser destinados para encontrar novas fontes de combustíveis fósseis, mas para desenvolver energia limpa.
Investindo apenas 1% do que se está investindo nas fontes não renováveis era possível desenvolver novas fontes limpas e tornar o mundo mais seguro do ponto de vista econômico e ambiental. O problema da bolha de carbono é gerado pela teimosia de empresas e investidores que não compreendem que não se pode e não se deve investir no que não poderá ser usado. Se continuar nesse passo chegará um momento em que os investidores não conseguirão recuperar os seus investimentos.
